segunda-feira, 15 de junho de 2020

Review de Summer in Mara


Summer in Mara é um game independente criado através de uma campanha coletiva no site Kickstarter e que foi lançado recentemente para Nintendo Switch e PC, com versões para PlayStation 4 e Xbox One a caminho em uma data ainda não definida. O jogo traz uma aventura tranquila e divertida sobre ajudar pessoas, conquistá-las pelo seu estômago e cuidar do meio-ambiente, porém também se perde em alguns momentos com missões repetitivas e vazias.


A história começa com Koa, uma menina que é criada por sua avó Haku em uma ilha misteriosa e que nunca viu o resto de seu mundo, chamado aqui de Mara. Após o tutorial dá pra notar que se passou algum tempo, já que o barco que sua avó usava está largado quebrado e não se vê mais a velhinha em lugar algum. Inicialmente não fica claro o que aconteceu e ninguém menciona o fato, mas com certeza a avó de Koa faleceu em algum momento e ela está vivendo em sua ilha sozinha há um tempo.

Tudo muda quando ela encontra Napopo, uma criaturinha anfíbia que foi parar em sua ilha, não fala seu idioma e precisa de ajuda. Este é o estopim para Koa consertar o barco de sua avó e conectar-se pela primeira vez com a civilização, levando consigo sua ingenuidade e vontade de ajudar os outros. Durante sua jornada ela encontra antigos amigos de sua avó e faz também novos amigos.

Lá pela metade do jogo surgem os antagonistas Elits, alienígenas que querem destruir o planeta em nome do progresso e adicionam um pouco mais de ritmo e motivação à história. Ainda assim, eles demoram tanto para serem apresentados no jogo que quando surgem parecem um pouco deslocados com o resto da temática.


Inicialmente a jogabilidade envolve cuidar da sua ilha, plantando sementes, molhando-as e colhendo-os quando chegar a hora. Você pode também extrair minérios, plantar mais árvores usando seus frutos e erguer novas construções como poços. Com o tempo mais opções ficam disponíveis como cuidar de animais e outras coisas a mais. Apesar de esta parecer a jogabilidade principal do jogo, ela é apenas uma parte, nem mesmo tão grande.

Os alimentos obtidos servem também para Koa poder comer, já que precisa regularmente recobrar sua energia para não desmaiar de cansaço. Felizmente não é nada exagerado como em Stranded Sails, há energia o suficiente para fazer várias coisas durante o dia, porém você precisa voltar para sua ilha ou barco à noite para dormir.

Assim que você consertar seu barco no início do jogo irá então zarpar para a ilha adjacente Qualis, onde há uma grande e simpática cidade repleta de personagens interessantes. Uma vez lá eis que surge a principal forma de jogabilidade de Summer in Mara: realizar tarefas para os outros. Não há como eu reiterar o suficiente o quanto do jogo é simplesmente andar de um lado para o outro fazendo favores para os outros, mas eu vou tentar.

Os personagens na cidade são relativamente interessantes, possuem suas próprias histórias, jeitos de ser e desejos. Aos poucos você se envolve na vida deles, porém suas missões são sempre muito vazias. Leve um item para aquela pessoa, plante algo para aquela outra, conserte este item pra mim, cobre de alguém algo que me deve. Koa se torna meramente uma garota de recados sob o pretexto de "gostar de ajudar".


Há um pouco de Crafting no jogo também, porém apenas em sua própria ilha Koa pode fabricar itens, plantar suas sementes ou cozinhar. Isso significa que sempre que um personagem precisa de algo fabricado, plantado ou cozido, você terá que voltar a sua ilha. Percebeu que faltou um ingrediente? Volte para Qualis, suba dois lances de escada até o mercado, compre o ingrediente, volte para sua ilha, cozinhe, volte para Qualis, entregue a comida e provavelmente uma nova missão igual surgirá.

O jogo tem uma enorme dose de repetição que só adiciona mais água ao feijão de Summer in Mara. No início chega a ser divertido conhecer esses personagens novos e como eles interagem com o carisma de Koa. No final as missões também ficam mais íntimas e relevantes para os personagens e nós já os conhecemos o bastante para talvez nos importar. É tudo o que acontece essas duas pontas que é completamente insosso.

Assim que você tem acesso a um mapa e percebe que sua ilha e Qualis são apenas dois quadradinhos em um mapa de 6x6 blocos, parece que haverá mais exploração, ao estilo The Legend of Zelda: Wind Waker, porém a única ilha grande e com uma cidade é Qualis. Todas as outras são apenas pequenas curiosidades, locais com um ou outro item incomum, uma nova fruta para levar para sua ilha, sem realmente adicionar muito à história, personagens ou jogabilidade.


Dá pra ver que muito trabalho foi investido para tornar Qualis interessante, mas apesar de visualmente terem tido sucesso, a cidade não tem vida e nem exerce bem sua função para a jogabilidade. Os NPCs que habitam a cidade são totalmente estáticos e têm falas inúteis, nem mesmo uma pequena dica do jogo escapa por eles.

Os locais da cidade por sua vez são muito isolados, com grandes pedaços onde tudo que você faz é ficar correndo sem parar de um lado para o outro visando chegar onde quer. Há ainda um sistema de dia e noite que não adiciona à jogabilidade de maneira alguma, mas faz certos locais só serem acessíveis em um certo horário. O que poderia ser algo interessante, na prática só significa que além das viagens pela cidade serem cansativas, algumas são perdidas.

O visual é o ponto alto de Summer in Mara com cores vibrantes que trazem alegria por conta própria até que seja o momento de passar mais tensão com tons mais escuros. O mesmo pode ser dito da música do jogo que é relaxante e tranquila na maior parte do tempo, até que precise ser um pouco mais séria. Não há vozes infelizmente, os personagens falam apenas com pequenos sons de fundo, mas os diálogos são adornados com belas artes 2D.


Summer in Mara é uma aventura de umas 30 horas que poderia facilmente ser condensada em 15 para ser mais concisa, divertida e interessante. todas essas horas a mais tornam o jogo desnecessariamente pesado e acabam por matar o pique do jogador até mesmo quando coisas mais interessantes começam a acontecer perto do final. Apesar do potencial e uma tonelada de charme que carrega o jogo por umas boas horas, Summer in Mara faz de tudo para ser uma esquecível canção de verão.

7/10


3 comentários:

  1. Boa análise Monteiro, sua cópia foi no switch? Se sim,quais suas impressões do console?

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    1. Oi Mário, joguei na versão do PC mesmo

      Devido à alta do dólar não pretendo ter um Switch tão cedo

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    2. Penso igual,a Nintendo não tem planos pro Brasil então não vejo um cenário favorável à compra desse console...

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