domingo, 16 de junho de 2019

E3 2019: Quem ganhou?


Essa semana tivemos a E3 2019, a maior feira de jogos do mundo... por enquanto. As coisas andam meio ruins para a E3. Já andavam antes, é verdade, mas chegaram a melhorar e agora parecem estar piorando de novo bem rápido. Muitas empresas estão deixando de se apresentar na feira, seja de propósito ou porque têm estratégias próprias, e isso acabou por diluir um pouco o show.

A Microsoft foi a única das três grandes com uma conferência, a qual até foi razoável. Nintendo como nos últimos anos teve apenas uma Direct e Sony não teve absolutamente nada, ficou ausente do evento por completo. Algumas outras empresas chegaram a se destacar nesse vácuo, como Square Enix e principalmente a Devolver Digital.

Vamos dar uma olhada no que rolou nas conferências para ver quem ganhou.

Microsoft

A verdinha foi praticamente quem deu a largada com a primeira conferência da E3 no Domingo, dia 9. A Electronic Arts teve um evento antes no sábado mas não estava tão no clima assim. Sem a Sony na jogada a Microsoft só precisava atacar com força e poderia levar fácil essa E3, mas ela se segurou e acabou decepcionando um pouco. Acho que quase todos estavam apostando em um show forte para a Microsoft e não rolou nada além do "Ok".


A conferência foi boa até, longa mas bem menos cansativa que em outros anos, apesar de ter ficado um pouco mais chata perto do final. Como de costume há muito destaque para títulos multiplataforma apresentados como se fossem exclusivos, sempre com os avisos: Xbox, PC, lançamento no Game Pass, mesmo quando todos sabem que saem em outras plataformas também.

Houve um grande foco no Game Pass esse ano. Foram apresentados 60 jogos na conferência, destes, 34 já estrearão direto no Game Pass e o serviço agora está também disponível no PC. Não precisa ser um gênio da matemática pra ver que tem algo errado com essa conta. Mesmo um jogo Indie em seu lançamento custaria mais do que um mês de assinatura do serviço com acesso a dezenas de jogos, jogos entre os quais estaria esse Indie se ele for um dos que estreia direto no Game Pass.

A conferência abriu com The Outer Worlds da Obsidian, o jogo da Obsidian que parece meio que um Fallout: New Vegas no espaço, dito isso de uma maneira positiva. Ele será lançado em 25 de outubro no Xbox, PS4 e PC. Em seguida a Ninja Theory revelou um jogo multiplayer competitivo 4 vs 4 chamado Bleeding Edge, o qual me parece que já vai nascer morto nesse mercado tão disputado.


Ori and the Will of the Wisps apareceu com um bom trailer que demonstra um jogo um pouco mais interessante e animado que o original. Logo depois tivemos Minecraft Dungeons, com um trailer até razoável, mas ainda acho que a franquia não está mais com aquele charme todo para encantar o público que eles gostariam. Coop local e online para quatro pessoas é legal, claro, mas o jogo como um todo tem cheiro de franquia morta, como se alguém tivesse vestido a pele do cadáver de Minecraft. O mesmo aconteceu com Fable Heroes.

Entre esses primeiros jogos apresentados, Phil Spencer, o chefão do Xbox, apareceu para dar o discurso sobre o Game Pass que mencionou anteriormente. Porém o que ele falou a seguir foi ainda mais interessante: revelariam o próximo Xbox naquela conferência... mas sabe quando dizem "mostre, não fale"? Poisé, eles falaram porque não tinham intenção de mostrar.

Star Wars Jedi Fallen Order apareceu rapidamente com meio que um compilado do que já havia sido mostrado no sábado no evento da Electronic Arts. Ele será lançado em 15 de novembro no Xbox, PS4 e PC. Então surgiu uma surpresa interessante, um jogo de terror em que um sujeito avançava por uma floresta com uma câmera. Era um jogo baseado na franquia "Bruxa de Blair", chamado de "Blair Witch". Me parece que o jogo está marcado para Xbox One e PC, não tem cara de ser exclusivo, mas não sei. O jogo não parecia nem ruim nem muito bom, mas jogos de filmes sempre preocupam um pouco mais.

breathtaking

Até então a conferência estava bem legal e então veio um dos pontos altos da apresentação da Microsoft: Cyberpunk 2077. Porque o jogo era muito legal? Não, porque eles chamaram o Keanu Reeves para apresentar! Foi divertido, ele se saiu bem, se divertiu com a plateia e anunciou que estará no jogo. Cyberpunk 2077 não é muito minha praia mas promete ser um bom jogo. Lançamento para 16 de Abril de 2020 no Xbox, PlayStation 4 e PC.

Após um jogo tão pesado entrou um Indie mais fofinho, Spiritfarer, toda com animações 2D de alta qualidade. Simpático, me lembrou da clássica série Wonder Project J. É do mesmo estúdio de Jotun e sai em 2020 para Xbox, PlayStation 4, Switch e PC. Falando em 2D bem animado, logo em seguida vimos o novo Battletoads e... não empolgou muito.

Para um retorno de uma franquia tão esperada, o trailer foi bem fraco. O jogo parece ser melhor do que o trailer mostrou pelo menos. Eu gostei do visual em 2D de alta resolução, levemente deformado em proporções atarracadas, mas a jogabilidade não me parecia muito com o clássico Battletoads. Parece que abraçaram mesmo o estilo Beat'em Up frenético, mais para o Ninja Baseball Bat Man, algo que eu pensava que nunca poderia ser ruim, mas é quando se trata de descaracterizar Battletoads. Ele sai ainda em 2019 para Xbox com cooperativo pra até 3 pessoas.


Em seguida veio outro Indie de aparência bem legal, The Legend of Wright, um jogo com aparência de um livro de história feito em lápis, no qual o jogador interage diretamente também usando um lápis. Parecia legal, resta saber se só se sobressai no visual. Sai em 2020 para Xbox e PC, com versões também para Android e iOS.

Hora do compiladão, um vídeo com vários jogos Indies apresentados em sequência, todos no Xbox Game Pass, mesmo não sendo exclusivos: Dead Static Drive, Pathologic 2, Star Renegades, Afterparty, TABS: Totally Accurate Battle Simulator, The Good Life, Cross Code, Creature in the Well, Killer Queen Black, Riverbond, Unto the End, Blazing Chrome, Felix the Reaper, UnderMine, Supermarket Shriek, Secret Neighbor, Ikenfell, The Lord of the Rings: Living Card Game, Night Call e Totem Teller.

E adivinha? Mais sobre o Game Pass. Alguns jogos foram adicionados bem no dia da E3: Batman: Arkham Knight, Metro Exodus, Hollow Knight e Borderlands: The Handsome Collection. Neste momento anunciaram também um upgrade no Xbox Game Pass Ultimate, que oferecia Xbox Live Gold e Game Pass para o Xbox One, ao adicionar o Game Pass para PC sem aumento de custo.

O Game Pass para PC foi anunciado com a coletânea Halo: The Master Chief Collection finalmente para computadores, além de jogos como Forza Horizon 4, Gears of War 5, Prey, Ark: Survival Evolved e alguns pensados mais pro púbico de PC como Imperial Rome e Football Manager 2019.

Tivemos então o anúncio de algumas franquias clássicas da Microsoft retornando. Microsoft Flight Simulator, o qual sairá também no Xbox One além do PC, e Age of Empires 2 Definitive Edition, remake do clássico com gráficos em 4K e áudio remasterizado. Ele terá ainda uma nova campanha chamada The Last Khans e será lançado no final do ano. Wasteland 3 apareceu um pouco também com matança em Colorado, sem fazer muito alarde.


Então vem uma parte que me deixou bem chateado... a Microsoft comprou a Double Fine. Esse farra da Microsoft comprando vários estúdios apenas porque pode é uma das piores coisas que poderia acontecer com a indústria e um medo que existia desde o primeiro instante em que ela entrou no mercado. Com dinheiro suficiente ela pode forçar a tendência que quiser e as outras são praticamente obrigadas a seguirem, sendo que ela própria não é primariamente uma empresa de jogos.

Dito isso, Tim Schafer apareceu no palco e fez uma brincadeira que se a Microsoft precisar eles podem fazer Halo, Forza, Excel... foi engraçado, mas não deixa de ter um tom subserviente nessa frase. Então tivemos um pequeno trailer de Psychonauts 2 que não mostrava muito, mas para quem já espera por esse jogo há tantos anos não importa tanto.

Dois ótimos anúncios vieram em seguida com LEGO Star Wars: The Skywalker Saga que reunirá os 9 filmes em um pacote só e Dragon Ball Z Kakkarot, um jogo de ação focado em toda a trajetória de Goku. LEGO parece bem promissor, enquanto Dragon Ball Kakkarot parece explorar demais uma mesma história que já foi explorada à exaustão, mas ainda deverá ser legalzinho. Ambos serão multiplataforma e lançados em 2020.

Do outro lado do espectro, dois outros Indies pareceram meio pretensiosos. 12 Minutes, um jogo todo em visão aérea sobre um cara preso em um looping de tempo e Way to the Woods, um jogo em que você controla dois cervos em um mundo que mescla algo fantasioso com um mundo real devastado. Nenhum dos dois empolgou muito.

Gears of War 5 apareceu com um teaser bem conceitual e em seguida falaram sobre um novo modo de jogo chamado Escape no qual você tem que escapar de um lugar repleto de inimigos com a ajuda de outros jogadores. Parece estranho, mas esse tema de "escapar" parece que vai aparecer em mais jogos multiplayer daqui pra frente. O jogo sai em 10 de setembro e não vejo muito motivo para ainda estar empolgado com a franquia Gears desde que a Epic Games a vendeu.

A Microsoft mostrou uma evolução do seu controle Elite, chamada Series 2, com mais extras e etc. Me parece ter um público bem específico em mente de jogadores Pro então nada muito relevante. Dying Light 2 apareceu com um pouco de gameplay e volto a dizer que provavelmente vai ser estragado pela direção. Resolveram se focar na parte mais fraca do estúdio. Dying Light tem uma jogabilidade ótima e história ignorável, é um ótimo jogo. Pra que lançar uma sequência focada na história?


Agora para alguns exclusivos da Microsoft que me interessaram. Forza Horizon 4 com um pacote de expansão chamado LEGO Speed Champions que já está disponível. É uma parceria com o filme Uma Aventura Lego 2 e traz carros de LEGO para o jogo. Eu gosto como as expansões de Forza costumam ir atrás de coisas inesperadas para outros púbicos, como foi aquele pacote de pistas da Hot Wheels. Vejo muito menos crianças jogando jogos de carro e moto hoje em dia do que na época dos 16 Bits e isso é um bom incentivo.

Gears Pop que era um conceito que eu tinha esperança que ficasse legal, pegar Gears e reduzi-lo ao seu formato mais simples, como os jogos de LEGO funcionam perfeitamente para várias franquias. Porém será um jogo para Android e iOS. Eu simplesmente não entendo que público deseja pegar. Uma franquia madura reduzida a bonecos para smartphones? Pra quem é esse jogo?

Expansão de State of Decay 2, o jogo é bem legal mas anda bastante apagado ultimamente. CrossFire X para o Xbox One, essa sim foi uma boa parceria da Microsoft. Como o Xbox tem em si a cultura do PC, faz mais sentido se aproximar de fenômenos do PC como PlayerUnknown's Battlegrounds ou CrossFire, porque eles combinam com a filosofia deles.

Phantasy Star Online 2 finalmente para o ocidente, gratuito na primavera de 2020, nosso outono. Por ora apenas no Xbox e nos Estados Unidos, PS4, Switch e Europa de fora, o que é uma pena. O jogo já demorou séculos para ser lançado por aqui, o mínimo que poderia fazer é ter um lançamento decente. A Sega já confirmou que eventualmente ele chegará a outras plataformas.

Tales of Arise da Bandai Namco parece trazer um mundo mais aberto para a série Tales of, o que talvez ajude a atrair novos fãs. Os últimos jogos da série são bons, mas estão um pouco sem relevância, apenas se empilhando. Borderlands 3 também ganhou uma data de lançamento para 13 de setembro, envolto em diversas controvérsias.


Por fim foi revelado o jogo Elden Ring, que já tinha vazado uns dias antes da E3. É um RPG de mundo aberto do criador de Dark Souls e consultoria de ninguém menos que, ele mesmo, Georginho R.R. Martin da dança das cadeiras. O tema será mitologia nórdica, o que é sempre uma armadilha, mas recentemente parece que produtos com essa temática tem se saído melhor do que o esperado.

Finalmente Phil Spencer vem para "encerrar" a conferência mas na verdade começa a apresentar o próximo Xbox, codinome Project Scarlet. O problema é que nada é mostrado, chamam pessoas que trabalharam no projeto para falar de especificações técnicas e soltar termos como "120 FPS" e "next-gen ray tracing" que acabam sendo chatas. O console sairá no final de 2020, o que significa que terá mais uma E3 pela frente.

Para completar tivemos um novo trailer de Halo Infinite, sem qualquer gameplay, que estará presente no lançamento do novo Xbox. Faz você se perguntar se automaticamente ao comprar o próximo Xbox e ser assinante do Game Pass vai ter acesso a Halo e vários outros jogos de lançamento, como se jogos não custassem dinheiro para serem feitos.


Bethesda

A Bethesda tinha muito chão pra percorrer com sua conferência depois do lançamento desastroso de Fallout 76, o qual ela basicamente admitiu que não estava pronto mas lançou mesmo assim. Ela conseguiu melhorar um pouco sua imagem, sem mostrar nada de muito novo. Doom Eternal e Wolfenstein: Youngblood chamaram atenção, mas no fim as pessoas queriam algo de The Elder Scrolls 6, o que eles já haviam falado que não ia rolar mesmo.

Havia uma galera vibrando descontroladamente na conferência da Bethesda que não parecia nada natural. Costuma acontecer na conferência da Microsoft também, mas na da Bethesda estava muito pior. Chegou ao ponto de realmente incomodar, quebrar o ritmo da conferência e atrapalhar o áudio.


O ponto alto da conferência da Bethesda foi a revelação de um novo jogo da Tango Gameworks, estúdio de Shinji Mikami, criador de séries como Resident Evil e The Evil Within. O jogo é chamado GhostWire Tokyo e parece ter um conceito interessante, porém não foi o jogo que chamou a atenção e sim sua apresentadora. Uma discípula de Mikami chamada Ikumi Nakamura roubou o show com carisma e animação.

Tirando isso não houve nada particularmente empolgante na conferência da Bethesda.

Ubisoft

A conferência da Ubisoft foi bastante morna, mostrando jogos que em sua maioria já eram esperados. Nada de Aisha Tyler, nada muito fora do comum. Os maiores anúncios foram Watch Dogs Legion, terceiro jogo da franquia, e Gods & Monsters, um novo jogo de aventura inspirado por The Legend of Zelda: Breath of the Wild.

Watch Dogs Legion é o tipo de jogo que eu adorei o conceito mas não curti a execução. A ideia de poder controlar qualquer um em um exército de hackers me lembra bastante a ideia por trás do Anonymous e cria situações interessantes como a velhinha do trailer. Tem um toque de Rogue Legacy no sentido que você nunca sabe quais vantagens e desvantagens vai receber.


No entanto a cidade de Londres tomada por um governo autoritário pareceu muito claustrofóbica e depressiva. Distopias são bem menos divertidas como fantasias quando já estamos vivendo uma na vida real. Depois de algo tão colorido como a São Francisco de Watch Dogs 2 me pareceu um passo para trás ir para um cenário tão mais cinza e sóbrio no terceiro jogo.

Uma questão sobre jogos bons é que eles inspiram outros a seguirem seus passos. Gods & Monsters segue os passos de The Legend of Zelda: Breath of the Wild com uma pegada de mitologia grega que é bastante promissora. São os mesmos desenvolvedores de Assassin's Creed Odyssey basicamente saindo do modelo fechado de seguir eventos históricos para investir em algo fantasioso. Pode acabar não sendo excepcional, ainda é cedo pra dizer, mas há potencial e é o tipo de jogo que o público mais jovem precisa.


Square Enix

Esse ano a Square Enix estava com tudo e por muito pouco não levou a E3 sozinha nas costas. Final Fantasy 7 Remake apareceu, e ok, é um jogo que já está em desenvolvimento há alguns anos, mas exibiu um gameplay longo e de alta qualidade, algo que praticamente ninguém mais fez na feira. A Square também anunciou várias boas novidades, entre elas jogos da série Mana para o ocidente.


Então o que deu errado? Bom... vamos dizer apenas que a vingança nunca é plena, mata a conferência e a envenena. "Avengers: A-Day", o jogo dos Vingadores, foi finalmente revelado durante a conferência da E3 e... nossa... estava horroroso. Os gráficos estavam feios, os atores não são os mesmos dos filmes, a Viúva Negra parece o príncipe do Shrek disfarçado como já bem apontaram no Twitter.

Para piorar, meio que não havia gameplay, era mais como uma simulação de gameplay. A portas fechadas a Square Enix mostrou um gameplay exclusivamente para alguns poucos jornalistas, controlado por um desenvolvedor. Alguém gravou e o gameplay vazou. Após vê-lo, eu acho que era aquilo que ela deveria ter mostrado na conferência.


Vingadores foi um tropeço feio e acabou com todas as outras coisas positivas da conferência da Square Enix. Ainda assim, Final Fantasy 7 Remake foi o melhor jogo apresentado no evento, mesmo que sua produtora não tenha conseguido ganhar a E3. Inclusive, de toda essa E3 eu só pretendo falar mais a fundo sobre dois jogos, e eles são: Final Fantasy 7 Remake e Avengers: A-Day.

Nintendo

A Direct da Nntendo foi legal, começou direto (get it?) já jogando a gente pra Super Smash Bros. Ultimate e revelando o protagonista de Dragon Quest XI no jogo. Naquele momento não poderia estar mais desapontado porque não era bem quem eu esperava. Passaram alguns instantes e aí sim, revelam que vários protagonistas de Dragon Quest estarão no jogo dividindo o mesmo personagem. Entre eles o que conhecemos aqui pelo desenho "Fly" (que quer a paz que o inimigo destrói).


Talvez abrir a conferência com um anúncio mais voltado para o público japonês não tenha sido a melhor das ideias, mas ok, passou rápido. Então tivemos uma rápida zueira com o novo presidente da Nintendo da América, Doug Bowser, sobre o fato de ele dividir o mesmo nome com o vilão Bowser de Mario. "Vocês são parentes?" perguntam. Divertidinho, mas tenho mais a falar sobre isso depois.


Chegamos então a Luigi's Mansion 3, uma série que meio que não tem motivo de existir mas a Nintendo continua a produzir. A jogabilidade parece melhor, com mais formas de combate contra os fantasmas, podendo bater eles no chão e contra objetos. A ideia de Gooigi, uma versão de gosma do personagem, é legal, mas deve limitar o coop já que parece ser algo mais usado para resolver puzzles e não para ter um segundo jogador. Uma coisa boa é que adicionaram um modo online, pois é uma série que precisa de mais extras.

Na sequência a Nintendo deu um bom espaço pra um jogo chamado The Dark Crystal: Age of Resistance Tactics que terá também uma série na Netflix e eu não sei o que estava fazendo na Direct porque é um título bem ignorável.

The Legend of Zelda: Link's Awakening reapareceu e mostrou qual elemento irá "compensar" o fato de que o jogo é meio curto e sem extras por ser um remake do GameBoy. Haverá um novo modo com Dampé no qual o jogador pode criar Dungeons para explorar e obter recompensas. Não deu pra entender quão bom esse modo será, pode até ser um protótipo de Zelda Maker, mas eu preferia que colocassem alguns extras na campanha mesmo. O jogo sai em 20 de setembro.


Trials of Mana apareceu em sequência junto com a Collection of Mana, com a surpresa de que estava disponível no mesmo dia da conferência. The Witcher 3 também apareceu para o Switch e impressionou como o videogame conseguiu rodar um jogo tão pesado sem downgrades drásticos aparentes. Basta olhar Mortal Kombat 11 para ver como a versão Switch pode ficar aquém das outras. Ainda mais impressionante é que tudo virá em um único "cartucho" de 32 GB, sem downloads extras.

Fire Emblem Three Houses apareceu com um trailer, bem longo até, que foi o primeiro a me fazer interessar pelo jogo. Até então tudo que víamos era uma escola, professores, uma ambientação muito parada, rica em fazer o jogador viver em um mundo mágico como Hogwarts é para Harry Potter, mas no geral monótono. Este novo trailer dá um salto de tempo e mostra o futuro dessa turma, com guerra e fogo, algo bem mais legal. Sai em 26 de julho.

Veio um momento meio chato na conferência, um casal entrando em uma casa abandonada para jogar Resident Evil no Switch. Por um instante eu pensei que pudesse ser um anúncio de Resident Evil 7 ou Resident Evil 2 Remake pro console, já que The Witcher 3 meio que abriu as portas pra um novo mundo de ports. E o que era? Resident Evil 5 e 6 pro Switch... baita desperdício de tempo e atenção na Direct, são jogos que pode só lançar uma semana qualquer e pronto.


No More Heroes 3 foi anunciado e eu sou um grande fã da série e de Suda 51, mas... o que havia ali para se empolgar? Um trailer com Travis falando algumas coisas, simulação de gameplay clássica do Wii, mas nenhum sinal real sobre a direção que o jogo vai (além de que provavelmente será contra aliens). Com lançamento já para 2020 não poderiam mostrar algo mais? Ainda mais depois daquele gosto amargo que Travis Strikes Again deixou na boca.

O próximo jogo foi uma surpresa, Contra: Rogue Corps. Visualmente ele não é muito bonito, mas isso não importaria com uma jogabilidade frenética como é de se esperar de Contra. Na apresentação eu não vi nada de errado, mas houve comentários sobre o jogo depois que as armas superaquecem se forem muito usadas e isso pode ser a morte pra um jogo desses. Vale a pena ficar de olho até ter certeza.

Daemon X Machina continua supimpástico mas já poderia ter sido lançado, não precisava de mais uma apresentação. O remake de Panzer Dragoon foi uma boa surpresa, sai ainda esse ano, não sei se sairá para outras plataformas mas tem cara. Houve então uma rápida recapitulação da Direct de Pokémon, sem falar tudo de novo nessa direct da E3.


Astral Chain também apareceu, ainda bem legal, e melhorou sendo que nem precisava. Uma das poucas coisas que eu não gostava em Astral Chain e estava super disposto a ignorar era o combate com aquela "stand" de Jojo ao seu lado, mas agora explicaram que elas são inimigos capturados, o que é bem mais legal e dá o contexto certo para aquilo funcionar. Sai em 30 de agosto.

Eu comecei a ficar com um pouco de sono nesse momento porque começou a ficar entediante. Foi revelado o jogo de gângsters Empire of Sin para 2020, mostraram mais de Marvel Ultimate Alliance 3 que sai em 19 de julho, Cadence of Hyrule já disponível no mesmo dia para o Switch e só acordei um pouco em Mario & Sonic at the Olympic Games Tokyo 2020 para novembro por causa dos mamilos do Dr. Robotnik.

Porém ao menos eu acordei, pois o jogo a seguir me dá sono mas de um jeito muito mais positivo, Animal Crossing: New Horizons. Aqui em casa temos várias histórias de cochilar jogando Animal Crossing de tão sereno que é o jogo. Uma coisa legal é que finalmente parece que vão te dar mais coisas pra fazer. Ao invés de só cuidar da cidade você vai estar criando uma cidade em uma ilha deserta, e ainda poderá colocar itens a céu aberto, sem se limitar só a sua casa.


Então hora do compiladão de jogos: Spyro Reignited Trilogy, Hollow Knight: Silksong, Ni no Kuni: Wrath of the White Witch, Minecraft Dungeons, The Elder Scrolls: Blades, My Friend Pedro, Doom Eternal, The Sinking City, Wolfenstein Youngblood, Dead by Daylight, Alien Isolation, Final Fantasy Chrystal Chronicles Remastered Edition, Dragon Quest Builders 2, Strangers Things 3, Just Dance 2020, Catan, New Super Lucky's Tale, Dauntless e Super Mario Maker 2.

Então duas últimas surpresas para acabar a conferência em uma nota alta. A primeira, a surpreendente revelação de Banjo e Kazooie para Super Smash Bros. Ultimate, com direito a serem recebidos pelos membros de Donkey Kong Country e uma zueira do cachorro de Duck Hunt. A revelação foi bm legal, mas os fãs piraram um pouco demais como se isso fosse gigantesco.

Revelar Banjo e Kazooie foi inesperado, mas como eu mencionei alguns dias atrás no Twitter, é só legal, é apenas um DLC para um jogo já existente. Ok, que é um jogo que celebra a Nintendo e os videogames, mas quem queria comprar, já comprou, ninguém ficaria animado assim por um DLC de Street Fighter 5.


Para ser realmente "Wow" precisamos de jogos e isso não nos foi entregue. Poderia ser um novo Banjo-Kazooie para Xbox One, poderia ser Rare Replay vindo para o Switch, poderia até mesmo ser apenas as versões HD de Banjo-Kazooie e Tooie sendo relançadas para o Switch. Mas nada disso aconteceu, então a adição de Banjo sem dúvida é algo apenas legal.

Por fim a conferência acabou com um teaser bem curto de uma sequência para The Legend of Zelda: Breath of the Wild, o qual eu achei que não mostrou o suficiente para nos animarmos com a direção que o jogo vai tomar. Apenas foi mostrada uma força sombria abstrata, poderiam nos dar algo mais sólido que falasse sobre qual será o conceito do próximo jogo. De qualquer jeito deverá ser ótimo.

Aqui vou abrir um adendo porque a mera existência de Breath of the Wild 2 pra mim não é uma surpresa, eu já sabia que nessa E3 veríamos uma sequência ou de Zelda ou de Mario Odyssey, mas acreditava que Mario era mais provável. Porém fiz uma enquete no Twitter e segundo o resultado absolutamente ninguém esperava ver um novo Zelda esse ano. Então talvez eu apenas não tenha me surpreendido e por isso o anúncio teve bem menos impacto pra mim.


Devolver Digital

Se eu tivesse que dizer quem teve a melhor conferência, sem dúvida seria a Devolver Digital... o problema é que isso não teve nada a ver com videogames. Eu adorei o que eles fizeram, mas jogos mesmo eles tinham poucos e não eram tão impactantes, apesar de eu ter gostado de alguns. A questão aqui no entanto era outra.

Nos dois primeiros anos a Devolver Digital começou a fazer conferências bizarras e era engraçado, então eu já fui para o terceiro ano esperando novamente algo bizarro, mas cá pra nós, uma piada repetida três anos em sequência começa a perder a graça. O que eu não esperava encontrar era uma crítica tão certeira sobre o estado da indústria.

Devolver motherfucking Direct

É bom dar uma olhada nas conferências anteriores da Devolver Digital já que essa terceira começa diretamente após o final da segunda. Nina Struthers recebeu uma saraivada de tiros e ficou entre a vida e a morte. Para consertá-la fizeram algo como em Robocop, exceto que... ela não funciona. Como apresentar uma conferência na E3 sem a porta-voz da Devolver? Era hora do plano B: Devolver Direct.

A solução foi entrar na mente de Nina e apresentar um evento em vídeo com os novos jogos. Enquanto isso a personagem Linda que trabalha no Marketing falava coisas como: "Conferências para a imprensa são uma coisa do passado, a maioria das companhias nem as estão fazendo mais. Elas são velhas, ultrapassadas, irrelevantes".

Alguns indies legais como Fall Guys, Carrion, My Friend Pedro, mas principalmente a coletânea "Devolver Bootleg" que traz várias versões piratas dos próprios jogos deles, uma piada sensacional que eu adoraria ver outras empresas fazerem. Imagine um novo WarioWare com versões piratas de jogos da Nintendo.


Quem ganhou?

Um dos maiores problemas dessa E3 é que ninguém queria mostrar nada. Sony, Nintendo e Microsoft não queriam mostrar seus consoles, provavelmente pelo risco de serem eclipsadas umas pelas outras, então provavelmente teremos um evento só para anunciar o PlayStation 5, uma direct só para falar do Nintendo Switch e outro evento para falar do novo Xbox (ou a próxima E3).

Ninguém queria mostrar gameplay de seus jogos em um telão, fora de um ambiente controlado de uma apresentação por vídeo ou trailer. Há um artigo interessante na VG247 sobre como isso pode na verdade até ser culpa nossa, dos espectadores, por todas as vezes em que mostrar gameplay na E3 prejudicou imensamente a recepção de um jogo, citando casos como Watch Dogs. Eu mesmo me lembro recentemente da repercussão que uma poça de água causou em Spider-Man (puddlegate).


Estamos vivendo a época das narrativas e do excesso de controle, como em Watch Dogs Legion. Criam-se narrativas sobre as coisas e um grupo de pessoas sempre irá acreditar nelas, independente de ser verdade ou não. Então ao invés de as empresas terem que lidar com narrativas negativas como "A conferência desse ano foi fraca", elas estão se retraindo, tomando controle das narrativas, de seus serviços, de seus jogos. Em breve cada empresa vai ter sua "direct", cada empresa vai ter seu serviço de assinatura e por que não seu próprio evento.

O formato de vídeo "diretamente ao consumidor" é um sinal desse controle. Posso não ter gostado da plateia vibrando em conferências que não mereciam, como Bethesda, mas tivemos bons momentos com Keanu Reeves, com Ikumi Nakamura, momentos que, mais importante que tudo, pareciam orgânicos. Seres humanos interagindo com seres humanos, algo que deveríamos ter cada vez mais, mas pelo contrário, cada vez temos menos.

Na Direct da Nintendo? Doug Bowser fazendo trocadilho com um Bowser em 3D, super artificial. As Directs da Nintendo são impessoais, são informações dadas hierarquicamente, de cima para baixo, sem ouvir o que a parte de baixo tem a dizer. Como Linda da Devolver Digital disse: "Um vídeo de marketing tão destilado que as pessoas sofrem overdose de intenção de compra antes de ter sequer acabado". É isso que Directs são, marketing precisamente direcionado. Por mais que as empresas quisessem que a E3 fosse apenas marketing direcionado, estavam presas à percepção pública. Não mais.


Quanto mais as empresas exigem controle, menos elas combinam com uma feira como a E3. Novamente citando Linda da Devolver Digital, conferências são coisas do passado: "Podemos anunciar jogos para as massas a qualquer hora que quisermos. Libertos das limitações de uma conferência anual". Porém assim como Super Smash Bros. Ultimate não é só um jogo de luta, mas uma celebração, a E3 também não é só uma feira e deixar de celebrar esse momento enfraquece a indústria.

Tivemos uma E3 extremamente fraca onde havia mais coisas escondidas do que à mostra. A maioria dos jogos anunciados e exibidos tinham pouco ou nenhum gameplay exibido, a maioria das revelações foi feita fora da feira. Isso nos fez sair com uma sensação desagradável de que houve muitos anúncios, mas de que não queremos jogar particularmente nenhum, não havia nada para mexer com a nossa imaginação de estar jogando algo.

Quem ganhou a E3 2019? Eu diria que ninguém, mas quando ninguém faz nada excepcional, a Nintendo sempre ganha com o básico, assim como foi em 2018. Porém se as coisas continuarem andando assim podemos nem ter um E3 2020: Quem ganhou? porque esse ano definitivamente todos saímos perdendo um pouco.

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