Vaporum é outro jogo que eu pensei em fazer review mas percebi que não poderia, dessa vez não por um problema técnico. O problema é que o jogo é muito diferente do que eu esperava e assim que o vi, percebi que não iria gostar dele. Não porque Vaporum é um jogo ruim mas porque ele foi feito com um nicho muito específico em mente, do qual eu não faço parte... mas também, é tão específico que quase ninguém faz.
Ele é um jogo para PlayStation 4, Xbox One, Nintendo Switch e PC que emula um estilo específico das antigas, um "dungeon crawler rogue", que caso você não saiba o que significa eu vou explicar depois. Isso quer dizer que muito nele parece antigo, porém não do jeito bom como eu costumo gostar e mais por um engessamento meio arcaico. Dito isso, ele ainda é exatamente o que fãs de RPGs de MS-DOS dos anos 90 podem procurar, mas só agradará a eles.
Um "Dungeon Crawler" é um jogo em que você explora um labirinto, normalmente preso a um tabuleiro de movimento predeterminado, enquanto luta com inimigos presos nessas mesmas regras. Muitas vezes esses jogos são também "Rogue", um estilo de jogo mais livre que costuma oferecer variadas experiências ao jogar mais de uma vez com classes diferentes, itens gerados aleatoriamente e mais.
A apresentação do jogo é até boa, começando com artes simpáticas e uma boa dublagem que narra recados de áudio essenciais para a história. Porém a história em si é uma cansativa narrativa de amnésia na qual o personagem acorda em frente a uma misteriosa torre metálica. Lembra um pouco o começo de Bioshock, bem steampunk, porém sem todo o resto do charme. Não tem música mas o som do ambiente é bom.
Uma característica comum nesses jogos antigos é que eles parecem mesmo algo que se veria no PC, com controles excessivamente complicados para as ações mais simples. No início eu odiei isso e depois percebi que todo esse valor arcaico estava ali de propósito. Porém isso também traz alguns incômodos como ter que salvar o jogo manualmente o tempo todo para não perder seu progresso.
Os quadrados invisíveis do tabuleiro controlam seu movimento, mas ainda há algo mais desagradável a respeito disso do que a falta de liberdade. Ao mover-se com o analógico esquerdo você se move um "bloco" nesse tabuleiro, mas aí vem a pegadinha, o analógico direito move para onde você está olhando. Dá pra imaginar como isso causa problemas e desorientação?
Adicione então o combate, que é quase como se fosse em turnos mas é na verdade em tempo real. Cada movimento, cada virada e cada ataque são meio que sincronizados para criar um "turno" mas não de verdade. Você tem que ficar calculando pra onde se move, pra onde está olhando, quando vai atacar e como os inimigos se movem para não ser atacado... é inevitável ser atingido à toa. O resultado é que cria-se um sistema de combate onde você sempre precisa esperar o inimigo vir até você para minimizar danos.
O jogo só melhora um pouco quando você ganha pontos de experiência por matar inimigos e começa a subir de nível, adquirindo assim novas habilidades. Porém elas são bem específicas e não sacodem o suficiente a jogabilidade repetitiva, cansativa e frustrante. Todos os problemas do jogo continuam arrastando-o.
Claramente eu não sou o público de Vaporum... mas na verdade quase ninguém parece ser. Ele aparenta ter sido feito para um público muito específico, um nicho dentro de um nicho, de jogadores extremamente nostálgicos mas que ainda tenham videogames atuais. Para mim ele é um jogo chato e cansativo, mas para quem adorava dungeon crawlers nos anos 90 no PC ele pode ser genial.
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