sábado, 23 de março de 2019

A Morte e a Morte de PS Vita Berro d'AAA

arte de Synergy14

Eu acho divertido o livro A Morte e a Morte de Quincas Berro d'Água (inclusive o filme é bom se quiserem assistir) mas não dá pra negar que é apenas uma cópia de um sucesso muito mais antigo da Sessão da Tarde que é Um Morto muito Louco. Não é só porque somos todos amigos com Jorginho Amado aqui que também vamos deixar de fazer uma crítica quando ela se faz necessária.

A história do livro é sobre um morto que tem o cadáver carregado pelos amigos para viver uma última noitada em Salvador, Bahia, antes de acabar declarado morto por uma segunda vez quando cai de um barco em uma tempestade. Eu não posso deixar de sentir que há uma grande semelhança aqui com a história do PS Vita que viveu duas mortes.

Vida e vendas

O portátil da Sony lançado em março de 2011 teve sua produção encerrada recentemente, completando praticamente oito anos de vida. Para fins de comparação, isso é quase tanto quanto o Nintendo DS que foi lançado em 2004 e descontinuado em 2013 e quase o dobro do Wii U que foi lançado em 2012 e em 2016 já fechou as portas. O Nintendo 3DS lançado no mesmo ano que o PS Vita teve seus modelos principais com efeito 3D encerrados em 2017, mas permanece no mercado com os modelos 2DS que são a mesma plataforma.

No total ele vendeu por volta de 16 milhões de unidades, o que é muito pouco para qualquer plataforma em geral. Porém muito do que aconteceu com o PS Vita não era culpa apenas do PS Vita, como podemos ver também pelas vendas do Wii U. Não há plataforma mais horrorosa do que o Wii U, porém mesmo as piores plataformas da Nintendo nunca tiveram vendas como as do Wii U.


O Wii U teve vendas totais abaixo do PS Vita, por volta de 14 milhões. Para fins de comparação, o GameCube que foi muito mal também teve mais de 20 milhões e o Nintendo 64 mais de 30. Era óbvio que tanto Wii U quanto PS Vita não venceriam seus concorrentes, porém ninguém poderia esperar vendas tão baixas para plataformas que seriam segundas opções. Era quase como se ninguém as estivesse comprando.

Vale lembrar que o PSP teve um total de 80 milhões em vendas e está no Top 10 de plataformas mais vendidas, colado com o GameBoy Advance e à frente do Nintendo 3DS. Mesmo que o PSP tenha perdido a batalha contra o Nintendo DS ele foi um bom portátil e não imagino que as pessoas que o compraram tenham tido tamanho ressentimento de este ser o motivo para não investirem no PS Vita.

Se tomarmos as vendas do PSP e também considerarmos os 150 milhões de Nintendo DS vendidos, temos um mercado bem grande na geração passada. A mesma coisa se pegarmos o mercado de 85 milhões de Xbox 360, 85 milhões de PS3 e 100 milhões de Wii. Não podemos apenas somar esses números para saber o tamanho do mercado porque não sabemos o quanto essas vendas se sobrepõem, quantas pessoas tinham múltiplas plataformas, porém estamos falando de um mercado bem grande e que encolheu na geração seguinte.

Nos portáteis temos o 3DS com suas quase 80 milhões de vendas e o PS Vita com seus pouco mais de 15 milhões. Nos consoles temos o PS4 com mais de 90 milhões, o Xbox One com mais de 40 e o Wii U com seus quase 15. Se olharmos as plataformas líderes, a diferença é pequena em relação à geração anterior, mas quando olhamos para as segundas opções, a diferença é drástica.

Veja como a crise não afeta os líderes, mas todos em volta sofrem

O que acredito explicar as vendas muito baixas do Wii U, PS Vita e até do Xbox One é que em 2011 e 2012 o mundo sofreu uma forte crise econômica e as pessoas simplesmente estavam com menos dinheiro em mãos. Economia em uma escala global não é minha especialidade, então não poderia ter previsto isso.

Quando as pessoas têm poucos recursos elas escolhem apenas uma plataforma para apoiarem e nesse caso não há espaço para arriscar com um produto que pode não vingar. Rapidamente as pessoas escolheram o PS4 ao invés do Xbox One por uma diferença de US$ 100 e nunca mais o console da Microsoft se recuperou.

Eu esperava que o PS Vita vendesse uns 40 milhões, como o próprio Xbox One fez. Imaginava que ao ser lançado ele dividiria o espaço com o Nintendo 3DS por um tempo e depois ficaria em segundo plano, como se fosse um PSP piorado. Não parecia exagerado imaginar o PS Vita com metade das vendas do PSP e com metade das vendas do líder da geração, na verdade parecia até pessimista.

Portátil ou Plano B?

O que ninguém esperava no entanto é que a estratégia da Sony também fosse extremamente estranha: lançar para não vender. Desde o início quando o PS Vita foi anunciado e lançado havia algo de estranho na atitude da Sony em relação ao portátil, uma falta de vontade, um total descaso, parecia até mesmo que não queria vendê-lo. E aparentemente era exatamente isso.

O bundle do PlayStation 4 com PS Vita saiu de cena rapidinho

Tomando como base toda a estratégia da Sony para o PlayStation 4 foi possível ver que ela não tinha realmente intenção de vender o PS Vita como um portátil, apenas mantê-lo por perto como um Plano B caso o GamePad do Wii U emplacasse com a mesma força que o Wii Remote. Talvez a empresa tenha percebido que não foi lucrativo investir no PSP ou apenas não tinha condição na época para bancar o PS Vita e focou-se apenas no PS4. Vale lembrar que nessa época a empresa estava em crise.

A Sony parecia estar cobrindo todas as suas falhas naquela época com o PlayStation 4. Apostas em realidade virtual, controles de movimento, streaming de jogos, tudo para garantir que ele não ficasse de fora de qualquer disrupção como foi o Wii. Por essa lógica de Plano B dá pra ver uma grande semelhança entre o PS Vita e a PS Camera. Provavelmente a câmera do PS4 foi concebida para combater um possível sucesso do Kinect e assim que o periférico da Microsoft foi esquecido, a PS Camera também com pouco mais de uma dúzia de jogos. O mesmo aconteceu com o PS Vita.

Sem apoio da Sony o PS Vita ainda poderia ter feito sucesso, mas é justamente aqui onde entra o problema da crise econômica, ninguém se arriscaria por ele como se arriscaram pelo PSP. Sem suporte da Sony o PS Vita gritava por AAAs (jogos de alto nível de produção), mas eles não vinham. Essa seca começou a transformar o PS Vita em algo diferente, um cactus que inesperadamente tornava o solo fértil no deserto.

PlayStation Camera, esquecida como o PS Vita

Paraíso dos Indies

Uma coisa que poucas pessoas comentam é que o PS Vita foi um pioneiro entre os jogos Indies, a primeira plataforma completamente aberta para eles. O Xbox 360 deu o pontapé inicial com a Xbox Live Arcade, porém ainda havia muitas barreiras para ter seu jogo publicado e foi assim em vários dos serviços por um tempo. O PS Vita foi o primeiro que simplesmente abriu as portas para quem quisesse lançar seus jogos nele.

Essa ponte entre Indies e Sony se fortaleceu com o PS Vita e se ampliou no PlayStation 4 levando a um bom relacionamento da empresa com desenvolvedores independentes. Nessa mesma época a Nintendo se negou a publicar The Binding of Isaac no Nintendo 3DS devido ao conteúdo religioso do jogo e ele encontrou abrigo no PS4 e PS Vita. Ela ainda tratava Minecraft de uma forma estranha, como se não fosse um "jogo de verdade".


Muito antes do Nintendo Switch hoje ser elogiado como uma casa acolhedora e lucrativa para desenvolvedores Indie, perfeita para jogar esses pequenos jogos de forma "portátil", o PS vita já fazia isso. A diferença é que era o PS Vita, quando você dizia que jogos Indies estavam vendendo mais no PS Vita que em outras plataformas, ninguém ligava. Afinal, era o PS Vita. A narrativa de que ninguém ligava já estava estabelecida.

Consumidores do PS Vita eram bem hardcore e gastavam bastante em jogos, eu incluso. Não é incomum o Attach Rate (relação de jogos comprados por console) de plataformas menos populares ser maior porque os Tier 2 e 3 tendem a comprar menos jogos. O mesmo acontecia com o GameCube que tinha um Attach Rate alto, porém o PS Vita era um fenômeno para os Indies.


Um exemplo disso foi Retro City Rampage, um jogo que vendeu mais no PS Vita do que no PS3 e Nintendo 3DS. Este mesmo desenvolvedor lançou o jogo no Nintendo Wii e lucrou absolutamente 0 dólares, porque na época a Nintendo tinha uma política de exigir vendagem mínima antes de pagar qualquer Indie e o jogo não alcançou essas vendas.

Fenômeno japonês

Se o PS Vita tivesse sido apenas casa de Indies, seria um exagero dizer que ele era um solo fértil, mas muitos estúdios de pequeno e médio porte no Japão encontraram vida onde dizia-se ser um deserto árido. O público do PS Vita parecia ter desenvolvido um gosto peculiar por jogos japoneses, o qual aumentou ainda mais com o tempo conforme cada vez menos estúdios ocidentais queriam trabalhar com ele e uma pequena parcela do público japonês abraçava o portátil.

O PS Vita ajudou várias empresas japonesas a encontrarem um público que não estava em outras plataformas e elas cresceram com ele, assim como suas séries. Empresas como Marvelous, NIS America, Vanillaware, Koei Tecmo, XSeed Games, Idea Factory, Compile Heart, Imageepoch, Nihom Falcom, Nippon Ichi, entre outras.


Por mais que a imagem de fracasso do PS Vita fosse forte, muitas empresas não estavam correndo dele, estavam correndo em direção a ele. É um cenário bem diferente por exemplo do fim da vida do GameCube quando você via que as empresas simplesmente não queriam lançar jogos nele.

Acontecia o contrário com o PS Vita. Ele estava "fracassado", "morto", e ainda assim as empresas queriam lançar o máximo de jogos possível nele. Havia meses em que ele até recebia mais jogos do que o Nintendo 3DS. Para se ter uma ideia, a Xseed Games chegou a lançar 20 jogos na plataforma, mais do que em todos os outros videogames em sua história.

O PS Vita viu o crescimento de séries como Gravity Rush, Hyperdimension Neptunia, Senran Kagura, Yomawari, Ys, a franquia Atelier, a ponto de ganharem muitos capítulos e spin-offs no portátil e até saírem dele para terem jogos mais parrudos nos consoles.


Enquanto muitas pessoas não valorizarão esses jogos no PS Vita, as empresas com certeza valorizavam o portátil da Sony e sentem sua "morte" porque elas não estão conseguindo migrar para outras plataformas. Não encontram esse mesmo público no PS4 ou Switch. Consequentemente essas séries estão se apagando após brilharem no Vita.

Apesar de a produção do PS Vita estar sendo descontinuada, ele ainda recebe muitos jogos. Recentemente acabaram de sair jogos exclusivos de dança baseados em Persona 3 e 5 além de um port de Catherine que não será lançado no ocidente. Vários jogos que saíram no PS4 no último ano tiveram também versões para PS Vita que não saíram por aqui, mas continuam dando sobrevida ao portátil no Japão.


Recentemente a Kotaku fez uma matéria cujo título era "O 3DS está até morrendo melhor que o Vita", sobre o fato de que o 3DS também está saindo de cena lentamente e supostamente estaria fazendo isso melhor que o PS Vita. Então vem logo no segundo parágrafo uma afirmação que claramente contradiz a narrativa: "Desde setembro, 21 jogos saíram para o 3DS. Isso é menos que um jogo por semana. O Vita recebeu 43, incluindo jogos de dança de Persona 3 e Persona 5".

Fracasso?

Definitivamente o PS Vita não é um fracasso. Fracassar exige primeiro um objetivo que você esteja tentando alcançar e a verdade é que o PS Vita nunca tentou alcançar nada. Podemos criticar então a Sony por não ter sido ambiciosa com seu portátil, mas ela era uma empresa muito diferente em 2011, acuada após ferrenhas derrotas e ainda não de volta ao pódio como hoje com o PS4.

Ao tirar a Sony da equação, o que sobra? Apenas um portátil que fez um esforço tremendo para se manter relevante e de alguma forma conseguiu. O PS Vita se tornou uma ótima casa para Indies e jogos japoneses de nicho, não apenas um lugar que os recebia apaticamente mas um solo tão fértil que qualquer coisa que se plantasse crescia. Eu vi empresas se erguerem no PS Vita e hoje não sei o que elas farão sem mais poderem contar com esse público que as apoiou.

Por que elogiar o PS Vita e dizer que ele não fracassou se eu vivo reclamando do Nintendo 3DS e o chamo de fracasso? O Nintendo 3DS não vendeu mais que o quádruplo do PS Vita? Isso não significa obviamente que ele é melhor que seu concorrente? No entanto o PS Vita teve mais sucesso em sua derrota do que o Nintendo 3DS teve em sua vitória.

A filosofia do PlayStation 2 acabou sendo tóxica para o mercado de jogos

A forma como eu falo do PS Vita me lembra muito como eu costumo defender o GameCube frente ao PlayStation 2. Apesar de ter sido um dos consoles menos vendidos da Nintendo e tecnicamente um fracasso, ele tinha uma filosofia que era muito mais saudável que a maturização artificial tóxica do mercado de jogos que o PS2 trouxe. Eventualmente essa filosofia viria ser o embrião do Wii.

Uma analogia que constantemente uso aqui sobre o 3DS e o PS Vita é que se um guerreiro sai da aldeia dizendo que vai matar um leão, leva uma lança, um escudo, armadura e provisões, para depois voltar com um tigre, ele não teve sucesso porque levou recursos para matar um leão. Se você sai da aldeia para colher flores apenas com uma cesta e volta com um javali, você teve um sucesso inesperado e mais louvável que do guerreiro que matou o tigre, independente de que na comparação direta um javali vale menos que um tigre.

Neste ponto tanto o Nintendo 3DS quanto o PSP são fracassos pelo mesmo motivo. Não porque venderam pouco, mas porque levaram recursos da aldeia para matar um portátil que vendeu 150 milhões. Imagine quanto a Sony gastou de subsídio no PSP, na tecnologia do UMD, ou quanto a Nintendo gastou e subsidiou no 3DS para ter aquelas telas de efeito 3D sem óculos.

Na época não era possível tirar prints da tela

Vale lembrar que eu comprei um Nintendo 3DS bem cedo na vida dele e apenas quando fiquei completamente decepcionado com os jogos optei por comprar um PS Vita. Eu queria ver jogos inesperados no 3DS, produções ambiciosas como Resident Evil Revelations, bons Indies, Minecraft, jogos Nintendo de qualidade, jogos japoneses curiosos (como Ouendan no DS), mas nada disso parecia acontecer.

Enquanto no PS Vita muitas empresas queriam lançar seus jogos porque havia um público ansioso para comprá-los, no Nintendo 3DS a maioria das empresas fugia da plataforma porque eles já sabiam que o público do Nintendo 3DS queria comprar jogos da Nintendo.

Quando um jogo japonês era anunciado para o Nintendo 3DS eu já sabia que ele não seria lançado no ocidente, nenhuma empresa se interessava por lançá-lo. Enquanto isso no Vita empresas como a Xseed estavam loucas procurando qualquer coisa para publicar. Foi uma grande surpresa quando eu soube que Earth Defense Force 2 e Corpse Party: Bloody Drive sairiam no ocidente, ou quando a Idea Factory resolveu ir atrás de Sweet Fuse do PSP para traduzi-lo e lançá-lo compatível com o Vita.

Ao falar de solo fértil, é exatamente desse tipo de coisa que estou dizendo. Mesmo reclamando do PS2, uma das minhas séries favoritas Earth Defense Force nasceu nele, porque ele também tinha um solo fértil. EDF é o tipo de jogo que nunca nasceria numa plataforma Nintendo porque ela não dá essa confiança para estúdios experimentarem coisas novas.


O PS Vita permitia, mas agora ele está morto. Não há mais onde plantar... ou será que ainda está vivo? Continuará recebendo jogos? Mais franquias crescerão nele? Bandido! Nos dando susto dizendo que estava morto. Enquanto escrevia, carregava a bateria do meu PS Vita e pode ser o sono, mas no meio da confusão podia jurar que ele disse:

Me enterro como entender
Na hora que resolver.
Podem guardar seu caixão
Pra melhor ocasião

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5 comentários:

  1. Ótimo text,tenho dois vitas e não penso em me desfazer de um deles,acho que o que a sony não investiu outras empresas menores investiram.Infelizmente o portátil sofre com o não lançamento de AAAs,o que a indústria tanto valoriza,mas por outro lado há tempos que o 3ds não sabe o que é um jogo assim,mas ninguém comenta por simplesmente haver Pokémon...

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    1. O 3DS definitivamente decepcionou mais do que o PS Vita, até porque não se esperava tanto do Vita após a derrota do PSP. Poucos jogos realmente foram excepcionais no 3DS como Kid Icarus Uprising e The Legend of Zelda: A Link Between Worlds. Pokémon foi provavelmente minha maior decepção no sistema.

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    2. Exato, mas todo mundo tá mais preocupado em exaltar o 3ds por seus fracos jogos,tenho esses jogos citados mas mesmo assim não deixo de jogar no vita,pois as experiências de jogo nele encontradas são mais satisfatórias,depois de comprar metroid e hyrule warriors meu 3ds vai ficar encostado.

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  2. Mano, vc justifica o fracasso do ps Vita com outro console?
    E ainda se irrita pq outros acham melhor( e com lógica) a superioridade do 3ds.
    Mano seja mais técnico e profissional.

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    1. Os jogos do Nintendo 3DS não são tão interessantes quanto os do PS Vita, são em maioria versões pioradas de franquias da Nintendo melhores nos consoles. Dá pra tirar alguns clássicos dele como The Legend of Zelda: A Link Between Worlds, Metroid: Samus Returns e Kid Icarus Uprising, mas ninguém vai sentir falta da maioria dos jogos do Nintendo 3DS.

      A propósito, é fevereiro de 2020 e ainda tem jogos sendo anunciados para o PS Vita.

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