segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Metroid na Mesinha de Chá


Na Nintendo existe uma expressão chamada "Virar a mesinha de chá", atribuída ao criador de Super Mario, The Legend of Zelda e Donkey Kong, o designer Shigeru Miyamoto. Quando um jogo está em desenvolvimento, a qualquer momento Miyamoto pode chegar e virar completamente a mesa, mudando tudo que já havia sido definido antes. Vamos ver como podemos virar as mesas de chá de algumas séries.

Metroid na Mesinha de Chá

A primeira franquia que eu escolhi para começar essa série de artigos foi Metroid, uma série que começou nos anos 80 no NES, sobre uma caçadora de recompensas chamada Samus Aran. Metroid é um jogo de ação e aventura onde você é deixado em um planeta isolado com uma missão e precisa explorar tudo ao seu redor para ganhar habilidades que garantem que você fique mais forte e acesse locais que antes não podia.

Metroid precisa de uma reestruturação pesada

Alguns fãs acreditam que a série atingiu seu pico no Super Nintendo com Super Metroid, com um enorme mundo, mas ainda tratava-se de uma franquia de nicho. Apenas com Metroid Prime no GameCube, que conseguiu fielmente transpor a série para um FPS apesar de todo o medo dos fãs, é que Metroid se tornou algo grandioso.

Porém, Metroid Prime foi feito por um estúdio ocidental, a Retro Studios, e a parte japonesa da Nintendo parece não ter ficado feliz com isso, especialmente Yoshio Sakamoto, responsável pela série Metroid. Ele fez então Metroid: Other M, um jogo tão ruim que é o motivo de estarmos aqui discutindo como salvar / mudar a série.

Metroids

Este vai ser o título do nosso novo jogo: "Metroids". Trata-se de uma homenagem à sequência "Aliens" do filme "Alien" de Ridley Scott, do qual Metroid toma grande inspiração, mas também inicia nossa jornada de resgate de valores e reestruturação da marca.

Para o consumidor é estranho acompanhar uma série sem numeração clara. Metroid -> Metroid 2: Return of Samus -> Super Metroid -> Metroid Fusion -> Metroid: Zero Mission -> Metroid Prime -> Metroid Prime 2: Echoes -> Metroid Prime 3: Corruption -> Metroid Prime: Hunters -> Metroid: Other M. Precisamos rebootar o título.

Nossa função com este novo jogo será retornar os valores da franquia Metroid, sendo que Other M levou a série para as cestinhas de barganha por $5 dólares e ainda assim permanecia encalhado. é uma tarefa árdua na qual teremos que sacrificar algumas coisas.

Novo ou clássico?

Uma das primeiras coisas que precisamos decidir no nosso jogo é se seguiremos o estilo FPS, tiro em primeira pessoa, de Metroid Prime, ou os modelos mais clássicos, como o 2D de Super Metroid ou mesmo terceira pessoa de Metroid: Other M. A escolha parece óbvia, pois como dissemos acima, a série apenas atingia um nicho antes de Metroid Prime.

Não podemos ignorar um público inteiro fazendo o jogo apenas em primeira pessoa

Super Metroid pegou o conceito do primeiro Metroid e o ampliou ao máximo. Ampliar ainda mais Super Metroid não nos trará realmente a sensação de que fizemos algo divertido de jogar. Para os fãs de Super Metroid um remake em alta definição com extras significativos seria mais interessante do que um novo jogo 2D que mudasse tudo que eles gostavam.

Não podemos, porém, abandonar todos esses usuários. Então, assim como Fallout, poderemos optar por um jogo que pode ser jogado de maneiras diferentes. A primeira maneira, como um FPS, mais voltado para tiros, a segunda, em terceira pessoa, mais voltada para a movimentação.

Ofereceremos evolução por ambos os lados para que os jogadores decidam como preferem jogar. Como um tanque, com bastante força e resistência atirando em tudo, ou como um ninja, movendo-se com agilidade por toda a tela e atacando inimigos em seus pontos fracos ou pontos cegos.

Seria possível jogar assim no Wii U, mas prefiro trocar a câmera com um toque de botão

Conceito

O que constitui a série Metroid? É preciso desconstrui-la para termos certeza de que manteremos esses valores. Em seu âmago, Metroid é aventura, exploração, mas por que? vamos marcar uma interrogação para isso. Em toda parte que andamos em Metroid há também algum tipo de criatura tentando nos matar, precisamos reagir para sobreviver, e isso são elementos de ação. Vamos marcar uma interrogação para qual o porquê da ação também.

Outro tema constantemente mencionado em Metroid é o isolamento. Você sempre está sozinho em algum mundo alienígena, isolado em algum canto do espaço. No entanto, a questão do isolamento é algo muito complexo, então vamos deixar para mencioná-la mais tarde ao analisar o personagem de Samus.

Conceito: Exploração

De onde vem a exploração da série Metroid? Obviamente quando pensamos em espaço, pensamos em exploração, afinal, é algo completamente desconhecido. Porém, a influência direta provavelmente foi The Legend of Zelda, que introduziu o conceito de te deixar sozinho em um mundo sem saber para onde ir.

Sabemos que a evolução de The Legend of Zelda são os mundos abertos como The Elder Scrolls 5: Skyrim, mas isso não funcionaria em Metroid, não é mesmo? Vemos Metroid Prime e sem dúvida aquilo é a evolução de Metroid.

No entanto, Prime foi cuidadosamente esculpido, cada canto e brecha do jogo foi planejado, isso exige um tempo de produção que não temos, se torna inviável ter tamanho nível de atenção aos detalhes em cada jogo.

Geração procedural não é o ideal, mas é o que tem pra hoje

Teremos infelizmente que apelar para algo que eu não gosto, geração procedural. Sozinha, a geração procedural é algo inviável em design, pois grandes mundos gerados aleatoriamente são apenas grandes chatices sem a mão humana. Porém, note como Minecraft evoluiu através dos tempos.

Inicialmente, Minecraft possuía apenas um mundo gerado aleatoriamente e isso por si só não era tão interessante assim. A parte mais interessante era construir sua própria casa, ou seja, quando você fazia algum tipo de interação humana com aquele mundo.

Eventualmente o jogo evoluiu e adicionou estruturas pré-produzidas dentro do seu mundo procedural. A qualquer momento que você estivesse explorando era possível encontrar uma vila, uma mina abandonada, um templo perdido, locais interessantes de explorar. A diferença entre divertido e chato está exatamente em quanta enrolação aleatória há entre dois pontos pré-produzidos.

Assim como se fôssemos fazer um jogo de Sonic teríamos que apelar para geração procedural, pois é preciso criar muito conteúdo para se percorrer tão rápido, em Metroid podemos interligar cada estrutura maior com uma pitada de geração de conteúdo aleatório. Não é a melhor opção, mas fazer 100% do jogo a mão também não é viável.

Outra coisa que eu não gosto mas que teremos que fazer é dividir o jogo por planetas. Os melhores jogos da série Metroid se passam em um único planeta, com áreas que vão desde florestas a áreas congeladas e áreas com fogo. Porém não é muito convincente (não confundir com realista) ter todos esses ambientes sempre amontoados em um único ponto.

Metroid nunca precisou visitar um planeta todo coberto por gelo nem um planeta todo coberto de lava para ter áreas de gelo e fogo, porém é difícil engolir que um mesmo planeta tenha, em uma distância de metros, uma área cheia de lava e outra coberta de gelo.

Isso me traz memórias de Phendrana Drifts (sim, eu sei que não é lá)

Também poderemos mergulhar muito mais fundo nesses temas se optarmos por planetas específicos. Quando abraçamos completamente um tema, ao invés de apenas pincelá-lo superficialmente, novo conteúdo surge.

O planeta gelado de Hoth em Star Wars não é muito importante para a história, mas lá surgiram vários elementos icônicos da série. Como por exemplo os tanques AT-AT e AT-ST que tinham pernas para melhor se locomoverem na neve, espaçonaves específicas daquele planeta, vida animal selvagem como Wampas e Tauntauns.

O principal motivo para eu não gostar de planetas está na segregação da exploração. Um grande mundo para explorar é melhor do que cinco mundos de médio tamanho que juntos são maiores do que o primeiro. Outra coisa irritante é ter que ficar mudando entre cada mundo, indo e vindo (backtracking), algo comum na franquia Metroid, mas que não deixa de ser chato. Precisaremos de um sistema de teleporte instantâneo para qualquer área já visitada para não tornar o jogo maçante.

Conceito: Ação

E quanto à ação? No filme Alien, assim como Predador, inicialmente o suspense e a impotência frente a uma criatura sobre-humana são os fatores que nos encantam e inclusive geram simpatia pelo vilão, que demonstra uma clara superioridade.

Como jogos são ferramentas de empoderamento, normalmente não queremos que o jogador se sinta fraco, pois isso adiciona elementos de suspense e terror à experiência. Ser caçado pelo SA-X em Metroid Fusion, é uma diminuição desnecessária da personagem frente ao inimigo. No entanto, mexeremos um pouco nesse aspecto da franquia mais adiante, pois queremos trazer medo para ela.

A principal função da ação em Metroid é determinar o desafio do jogo, o perigo desse mundo. Isso dá algo para que o jogador não fique entediado explorando e também o incentiva a procurar power-ups que o tornarão mais forte. Imagine andar por todas aquelas salas de Metroid sem nada tentando te impedir, sem qualquer desafio, e então de repente você encara um chefão que faz picadinho de você porque só tinha 1 tanque de energia e 10 mísseis.

Há por volta de 90% de perigo nessa imagem

Metroid tem dois tipos de ação. A primeira é a ação defensiva. Os planetas que Samus visita são habitados por criaturas hostis e é necessário se defender delas, mas são apenas criaturas selvagens. A segunda é a ação ofensiva, quando Samus encontra piratas espaciais ou outras criaturas conscientes que desejam matá-la.

Parte de Samus é uma atiradora, parte se move como uma ninja. Quando o Team Ninja foi chamado para ajudar no combate de Other M eu fiquei satisfeito, pois era um lado de Samus que havia sido esquecido com Metroid Prime. Metroid não é só sobre atirar, é sobre grandes estripulias acrobáticas.

Essa parte do combate de Metroid: Other M é provavelmente a melhor de todo o jogo. Há várias maneiras de derrotar os inimigos, algumas delas envolvem desviar de seus golpes e ao invés de atirar na parte da frente, onde são mais fortes, subir neles e atirar em uma parte mais fraca em cima.

Conceito: Ação defensiva

Devemos pegar esses dois tipos de ação, que estão no âmago da jogabilidade, e transformar em foco do nosso jogo, extrapolá-las. A ação defensiva é por definição própria, passiva, não é algo que queremos fazer, mas temos que fazer. Se Samus enfrentasse um tigre, um leão ou um elefante, seria tão prazeroso assim matá-los? Provavelmente seria cruel, afinal sabemos que são criaturas selvagens que apenas atacam por instinto.

Vamos adicionar ao jogo então uma mecânica de captura, algo simples no qual, além de matar, teríamos também a opção apenas de incapacitar uma criatura e então decidir o que fazer com ela. Poderíamos teletransportá-la para nossa nave e montar um pequeno zoológico, poderíamos marcá-la e acompanhar sempre sua posição no radar, enviá-la para outro ponto do mesmo planeta, afastando-a de nós, ou quem sabe até mesmo mandando-a para outro planeta?

Nem todas as criaturas são inimigos, alguns são apenas selvagens

Essa mecânica abre espaço para um jogo paralelo dentro do nosso próprio jogo, onde poderíamos ter criaturas na nossa nave e extrair algo delas, como peças para personalização da armadura, ou enviar um predador feroz de um planeta para o outro, diminuindo assim a vida selvagem e tornando nossa vida mais fácil naquele planeta (alterar fauna é contra os princípios de Samus, mas podemos convencê-la com elementos da história).

Tudo isso, por incrível que pareça, seria muito fácil de programar, bastando atribuir valores de combate a cada criatura e deixar que elas se enfrentem enquanto o jogador está fazendo outra coisa. Seria interessante inclusive visitar os mundos de seus amigos para obter criaturas que podem já ter sido extintas no seu mundo.

A relação pacífica entre Samus e formas de vida selvagem já foi mostrada em outros capítulos da série, então não seria má ideia explorar esse lado. Até mesmo as pessoas mais isoladas costumam ter bichos. Esse é o tipo de meta game que pode manter jogadores hardcore vidrados para conseguirem melhores resultados sem atrapalhar os outros jogadores.

Conceito: Ação ofensiva

O segundo tipo de ação, a ofensiva, vem da parte caçadora de recompensas de Samus, uma parte que a Nintendo há muito tempo vem negando, a ponto de afirmar até que ela não recebe dinheiro pelos seus feitos (dafuq?). Precisamos resgatar a parte velho-oeste do jogo. Isso funcionou muito bem em Skies of Arcadia para adicionar sobrevida à aventura.

Em um mundo gerado proceduralmente, a ideia de rastrear um fora da lei seguindo pistas é bem mais interessante, porém será preciso também um grande nível de personalidade desses vilões para manter as coisas interessantes. Nenhum deles poderá ser maior que a ameaça principal do jogo, então eles precisam ser mais excêntricos, perigosos de jeitos criativos.

Para uma caçadora de recompensas, Samus quase nunca... caça recompensas

Samus poderia dar um jeito de absorver habilidades especiais deles e conseguir armas novas, como em Mega Man, mas com o toque de caçada de Metroid. Essas habilidades não seriam essenciais para o jogo, mas facilitariam o combate.

Jogabilidade

Há muito pouco no que se mexer na jogabilidade, pois Metroid Prime e Metroid: Other M já dominaram cada um seu estilo de movimentação e bastaria unir os dois em um único jogo para criar a jogabilidade perfeita. O Wii Remote + Nunchuk é uma escolha óbvia de controle, já que é perfeito para FPS e usar apenas o Wii Remote seria desconfortável e impediria se mover e mirar ao mesmo tempo.

Apesar de mudarmos pouco no que já existe, adicionamos algumas coisas importantes, como a opção de jogar de duas maneiras drasticamente diferentes e uma serie de metagames que estarão sendo realizados no fundo, os quais irão interagir com o jogador de formas aleatórias e abstratas. Não é preciso um controle de Wii U para mostrar o jogo tanto em primeira pessoa quanto em terceira, basta um toque de botão para fazer uma troca rápida.

Personagens

Porém, precisamos mudar uma coisa muito séria, a protagonista da série. Samus continuará sendo a personagem principal, mas não dá pra continuar mantendo a série Metroid só com Samus, precisamos começar a expandir. Isso significa começar a mudar Samus de lugar e adicionar mais personagens.

Personagens: Samus

O isolamento na série Metroid, o qual mencionamos alguns parágrafos acima, não se trata apenas do isolamento do espaço sideral, mas de estar sozinho e fechado. O isolamento de Metroid é sobre Samus ser isolada e pretender continuar assim. Seres humanos são naturalmente sociais, não faz sentido Samus nunca ter sido tocada por sua humanidade.

A ideia de adicionar novos personagens soa muito ruim, afinal Metroid sempre foi sobre Samus, porém a falta de mudança no status quo dela já está começando a ferir a sua imagem, assim como tem sido em muitas franquias da Nintendo. A impressão é que Samus não tem vida, apenas fica vagando pelo espaço até chegar a hora de mais um capítulo em sua série. Há tantas possibilidades e a personalidade de Samus não se reflete em nada?


Samus sofreu um trauma em sua infância, quando aos 3 anos de idade seus pais foram mortos por Ridley. Isso desencadeou episódios de "estresse pós-traumático", entre aspas pois após um certo tempo de duração, aproximadamente 2 anos, deixa de ser estresse pós-traumático e começa a ser considerado como um alterador de personalidade.

A personagem se fechou, se tornou isolada e ali ficou, por anos. Não é natural. Precisamos fazer Samus começar a sair de sua concha, relutantemente. Precisamos tirá-la de sua zona de conforto e fazer com que ela encare coisas novas. Para isso precisaremos que ela interaja com outras pessoas de alguma forma, mesmo que contra sua vontade.

Personagens: Equipe

Precisamos de mais um homem, mais uma mulher e um robô. Obviamente o homem e a mulher são alienígenas, apesar de humanoides e com gêneros definidos. A Retro chegou a tentar isso com Metroid Prime 3: Corruption, e foi bastante agradável ver outros personagens na franquia que não eram completamente inúteis.

A opção do robô poderia facilmente ser substituída por um alien não humanoide e sem gênero, mas a série Alien tem androides como temas recorrentes e é mais fácil para o público se conectar a eles do que a um alien muito estranho, apesar de ainda ser um cenário menos ideal do que com humanos.

Metroid Prime 3 já havia flertado com a ideia de mais caçadores

Cada personagem será diferente e terá suas próprias habilidades, mas essa diferenciação será usada apenas para explorar melhor na parte de fora do mundo e nos combates, nada daquela bobagem de que cada personagem pode acessar certas áreas, isso é muito chato e força o jogador a fazer o que não quer, jogar como personagens que ele não gosta.

Ao invés disso, criaremos designs de fases que combinam com cada personagem. Samus pode usar seu Graple Beam para se movimentar ao estilo Homem-Aranha, mas para isso precisa que haja locais altos para se prender. Os outros podem ter formas diferentes de se mover baseadas no estilo do personagem. Em Metroid Prime 3: Corruption um deles fazia pistas de gelo no ar assim como o Homem de Gelo dos X-Men, e nosso robô pode muito bem ganhar uma função Transformer.

Nenhum personagem conseguirá começar sua carreira no nosso jogo com todo o peso que Samus já tem, é um processo longo de refinação de personagens e npcs até chegar a um bom elenco. É de se esperar que dos nossos 3 novos caçadores, com sorte, apenas um caia no gosto do público. A Nintendo manteve apenas Samus esse tempo todo e não temos como consertar isso de repente.

Não forçaremos o uso desses novos personagens, mas podemos tornar a troca entre eles o nosso sistema de teletransporte instantâneo entre planetas. Você poderá deixá-los onde quiser e a qualquer momento retornar a eles, no mesmo ponto. Se preferir, você poderia jogar apenas com Samus o jogo todo, teleportando-se para perto do outro personagem, usando-os como âncoras. É muito importante que nada seja forçado ao jogador, deixando-o escolher.

Rundas usava o clássico truque do Homem de Gelo para se locomover em Metroid Prime 3

História

Normalmente a história fica por último, para ter certeza de que ela não afete todo o resto. Quando partimos de uma história, acabamos por limitar todas as outras partes do jogo, nos apressamos para contar o que queremos e ignoramos tudo em volta. Antes mesmo de criarmos uma história pensamos em tudo que nosso jogo precisaria. Se tivéssemos começado o desenvolvimento pela história, muitos desses pontos não teriam surgido.

Agora, com base no que já temos planejado, iremos criar uma história que amarre tudo, mantenha o jogador intrigado, que cause as emoções que queremos nele e que de alguma forma adicione algum elemento extra na nossa jogabilidade para que ela se torne mais rica e integrada com tudo.

Algumas das coisas que mais afetam a qualidade de uma história são: a qualidade do protagonista, a qualidade do antagonista e a dinâmica de relacionamento entre eles. Estamos começando a forçar Samus fora de sua área de conforto, fazendo-a crescer, então precisamos de um antagonista que justifique essa mudança.

O problema da maioria dos jogos da série é que eles acabaram transformando os Metroids em Megatron. Existe esse problema, o qual eu chamo de "Efeito Megatron", mas que poderia levar o nome de qualquer vilão de desenhos animados dos anos 80, no qual diariamente o antagonista traça um plano razoavelmente bom para vencer, dominar o mundo, e falha. O excesso de falha, acaba por tirar a seriedade da ameaça.

Há quanto tempo os Metroids são um grande perigo capaz de destruir o universo? Precisamos trazer o medo de volta para o mundo de Metroid, e para isso está na hora dos Metroids realizarem todo o seu potencial. No nosso jogo os Metroids finalmente terão se espalhado por todo o universo, dizimando boa parte das raças e ameaçando uma aniquilação total.

Quando o medo voltar para Metroid, lá fora não será mais seguro

Digamos que finalmente a Galactic Federation mostrou suas garras, já que há muito tempo parece estar tentando dominar o universo. Em Metroid Fusion, a Federação estava clonando Metroids ilegalmente em segredo e não há motivo para imaginarmos que não fizesse o mesmo em outros locais. Eventualmente essa ameaça foi solta no universo, talvez por acidente, talvez porque pensaram que poderiam controlá-los e falharam, não importa.

Sempre que nossos personagens estiverem ao ar livre explorando os planetas haverá uma chance de serem atacados por Metroids, o que trará a sensação de apocalipse zumbi para o jogo. Os Metroids não serão mais vulneráveis ao frio, logo serão invencíveis, não haverá forma de vencer contra eles, causando uma grande sensação de medo e desespero toda vez que eles aparecerem.

Samus Aran liderará uma pequena resistência contra os Metroids, em uma nave maior que a de costume, viajando pelo universo em busca de algum artefato específico que possa eliminar os Metroids. Samus não é líder e nem apresentou desejo de ser em toda a sua trajetória, por isso é um bom ponto para a levarmos fora de sua zona de conforto, de forma que force mais interação social.

É bom também que tenha passado um bocado de tempo na cronologia do jogo, para que possamos trazer de volta a Samus madura de antigamente ao invés da versão Kim Possible atual. Samus é uma personagem feminina forte e o caminho que ela fez de mulher madura forte para uma garotinha com roupa colada frágil não foi ideal.

A cada novo jogo Samus fica mais nova, frágil e sexualizada

Antigos inimigos também podem forjar novas relações com a personagem nesse novo mundo. Os Space Pirates, até então os vilões da série, podem se tornar baratas tentando sobreviver, se escondendo na maior parte do tempo, mas tendo alguma função útil. Gostaria que eles pudessem ser aliados desconfortáveis, mas o trauma de Samus por eles terem matado seus pais é grande demais.

O grande final

Ao final do nosso jogo será uma boa hora também para revisitar os Chozo, a raça alienígena que tomou conta de Samus após seus pais morrerem. Um erro tão grande quanto exterminar os Metroids foi exterminar os Chozo, que simplesmente desapareceram do universo. Alguns acreditam que na verdade eles tenham atingido uma forma mais elevada, mas de qualquer jeito, desapareceram.

Os Chozo com sua aparência de "homens-pássaro" são claramente inspirados em divindades egípcias como Hórus, Deus dos céus, e Tot, Deus do conhecimento, representados por cabeças de falcão e ibis, respectivamente. Cada um deles possui características que parecem ter formado a raça dos Chozo como um todo.

Hórus era Deus da guerra e da caça, duas modalidades nas quais os Chozo se destacavam mas que eventualmente deixaram para trás. Isso não impediu, no entanto, que eles transformassem Samus na maior caçadora de todos os tempos. Tot, por sua vez, muitas vezes era visto como um protetor do universo, assim como os Chozo.


Precisamos de algum Deus Ex Machina que traga os Chozo de volta, no final da história, como grande solução ou como uma consequência e recompensa. Nossa história precisará se concluir de alguma maneira grande, de forma que altere completamente o universo, pois precisamos deixar a casa arrumada para uma possível sequência.

Digamos que Samus consiga encontrar finalmente o artefato que procura e que sua função seja algo como se comunicar com os Chozo, onde diabos eles estiverem, ou mesmo enviar uma mensagem para o passado alertando sobre o que vai acontecer. Apesar de eu não gostar de usar viagem no tempo na história.

Conclusão

20 anos se passaram desde Metroid Fusion e a ambição da Galactic Federation desencadeou o maior mal que o universo já viu. Os Metroids estão a solta, dizimaram a maioria das raças e não há mais planetas seguros. A caçadora de recompensas Samus Aran lidera um pequeno grupo de resistência formado por poucos sobreviventes na esperança de encontrar um antigo artefato Chozo que poderá conter a invasão.

Explore construções antigas em planetas isolados durante sua busca pelo antigo artefato. Rastreie e prenda criminosos que podem ter informações ou equipamentos úteis. Use diferentes caçadores de recompensas com habilidades únicas. Estude a vida selvagem dos diferentes mundos e utilize-a a seu favor para se manter no topo da cadeia alimentar.

Lute pela sua sobrevivência e pelo destino do universo. Samus Aran e sua equipe são a última linha de defesa entre a salvação e a total aniquilação.

Análise

Eu criei esse conceito há algum tempo, na época bem mais simples, e enviei para o analista Sean Malstrom. Aqui está uma parte do que ele respondeu:

"Eu gostei. Quem foi o idiota que achou que era uma boa ideia dizimar todos os Metroids? Oh! Claro! O genial Sakamoto. Um Metroid apocalíptico poderia ser interessante (...) Faça Metroid ser difícil. Faça Metroid ser assustador."

Para os corajosos que leram tudo, pergunto: Quais os próximos jogos que vocês gostariam de ver na Mesinha de Chá?

19 comentários:

  1. Jay, querendo fazer de Metroid o Mass Effect 3 que todos queriam. XD

    BTW, não acho que tornar os metroids invencíveis no jogo para nele mesmo resolver o assunto seja uma coisa boa.

    Lembre-se, jogos hoje são feitos já se pensando em trilogias. :v

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    1. É verdade né, mas eu faria um só e me aposentaria com a grana =V

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  2. Concordo com a analise inicial de comparar metroid com Aliens, ao jogar os primeiros metroids até o Super Metroid tenho uma visão grotesca e escuro, o que eu percebo é que estamos adentrando em um planeta em fase de evolução e somos um organismo intruso pronto para ser chutado pra fora a qualquer custo e o silencio e escuridão em frente a uma biologia alienigena que tinha magnitude e comportamento desconhecido.
    Não vejo um planeta como mass effect ou star treck, é algo original e novo, temos uma odisséia de bacterias ampliadas ao tamanho humano, constroem casulos e sistema de fotossíntese que gera energia suficiente para alimentar brinstar.
    Ou seja, me deparo com o trabalho de "H. R. Giger" não o esquema parecido com Star treck misturado com Stargate que da a cara Mass Effect em Metroid Prime 3, eu vejo algo grotesco, nojento, ultra-realistico e profundamento intimidador, puxado para o suspense, algo mais próximo de Dead Space e um System Shock.
    A exploração não pode ser gerada aleatoriamente, porque o cenario tem a principal caracteristica do jogo, a história, no super metroid o enredo é surrealista, parecido com shadow of the colossus, a história do planeta se passa na nossa imaginação ao explorar o cenário e este tem papel mais importante em tudo isso.
    Um metroid que começamos com X-ray para explorar um cenário escuro que revela uma história e uma biologia em suas paredes, depois pegar um upgrade em uma estatueta antiga chozo de dar arrepios e ver o cenário se iluminar e tocar um sintetizador retro, parece mais certo do que todos esses chutes.

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    1. eu quero parte da exploração feita manualmente e parte gerada aleatoriamente, justamente porque não é realista em termos de custo de produção ter um mundo tão grande feito todo manualmente, o jogo se tornaria caro demais

      a sua ideia de forçar uma introdução no jogador não é legal, é algo que você quer ver, você quer fazer, mas que não necessariamente o jogador vai querer experienciar. As pessoas não gostam que jogos os prendam e obriguem eles a fazerem algo específico.

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  3. Gostei bastante. Concordo com os pontos sobre super, prime e other M, e que a sua solução é muito boa para um metroid digno.
    A jogabilidade pode ter mais de uma opção, tanto wiimote+nunchuck como no gamepad mesmo. Sempre imaginei eles usando a camera do gamepad pra identificar se vc ta olhando pra tela ou pro controle e esse seria o gatilho pra mudar a jogabilidade pra 1ra ou terceira. pessoa. O botão pra mudar isso tbm pode ter.
    O final com os Chozo de volta foi o que mais gostei.

    O jogo teria multiplayer?
    não tem como a mandar direto pra Nintendo? heh

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    1. Em matéria de multiplayer pode ter um pequeno elemento "cooperativo" de ter pessoas visitando o seu mundo, ou poderia ser assíncrono, alguém poderia visitar e te atrapalhar, mas não necessariamente jogar junto

      A Nintendo não aceita ideias, mas o responsável por Metroid, Yoshio Sakamoto, também não está interessado em um jogo nessa direção.

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  4. Perdi minha fé em Metroid depois que joguei Other: M, o jogo é muito decepcionante, ele é até legal de jogar, usar os dodges e atirar, mas todo mundo sabe que está longe de ser um Metroid de verdade.
    A trilogia Prime que foi incrível, sempre achei Super Metroid espetacular, mas Metroid Prime é supremo, o Scan Visor, o isolamento, a forma que a história é contada, a exploração e tudo isso se seguiu em Ecchoes e Corruption de forma primorosa.
    Enfim, a Retro Studios não falou nada desde que lançaram Donkey Kong, eu estou na torcida que eles estejam fazendo um Metroid ^^

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    1. Também estou curioso sobre o que a Retro anda fazendo, mas não fiquei tão feliz com Donkey Kong Country Returns

      Não sei se a Retro tem criatividade limitada ou se a Nintendo que a capa muito

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  5. Adorei o texto e queria jogar um metroid assim, misturando mass effect e skyrim! Pq ñ tem ter uma batalha espacial com a nave de samus!

    Quais os próximos jogos que vocês gostariam de ver na Mesinha de Chá?
    Já q falamos de viagem espacial, que tal falarmos de Top Gear 3000, seria legal misturar Forza Horizon, Dubstep e as corres de Speed Racer!!!

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    1. Também gostaria de botar uma batalha espacial, mas nem sempre é interessante pro jogador ter outro gênero enfiado no meio, é um dilema muito sensível

      Vou pensar sobre Top Gear, foi uma franquia bem popular, mas não é muito minha especialidade

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  6. Zelda. Pelo caminho que a série está seguindo, seria interessante discutir formas de se reviver a franquia.

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    1. Discordo, Zelda está ótimo, apenas tropeçou em Skyward Sword, um jogo que a Nintendo parece até perdir desculpas agora.

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    2. Skyward Sword foi bem ruim mesmo, mas A Link Between Worlds já começou um processo de cura pelo menos

      No entanto, o novo The Legend of Zelda para Wii U pode levar a série pra crise de novo, vamos aguardar

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  7. Aproveitando o futuro lançamento de Star Fox para o Wii U depois de uma seca de títulos novos faça Mesinha de Chá sobre ele.

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    1. Pode ser legal mesmo, mas quero ver qual é a do novo Star Fox antes

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    2. Os Ice Climbers não estarão no novo SSB, pelo menos para mim eles faram falta... acho que a falta deles mal sera notada pq não protagonizam um jogo há anos, sei que eles precisam de mais do que virar a mesinha, mas alguma ideia para eles?
      Ou no próximo Mesinha de Chá sobre Kid Icarus já que Sakurai diz não ter planos para continuação. (C)

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    3. Poxa, Ice Climbers seria bem bacana mesmo, talvez não para agora, já que poucas pessoas conhecem

      Há pouco o que mudar em Kid Icarus, Uprising realmente levou a série na direção certa, mas seria interessante criar uma sequência

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  8. Desculpa, mas achei as ideias pessimas, concordo sobree alguns poucos pontos.
    Esse jogo q voce pensou nao e um Metroid, e um jogo q talvez ate fosse legal, mas com certeza nao seria um Metroid.
    A ideia do zoologico, por exemplo eu achei ridicula, outros personagens ate pode ocorrer, mas nao desse jeito, outras pessoas mt presentes no jogo e o aprofundamento sobre a Samus foram algumas das maiores reclamacoes de Other M, entao provavelmente essas ideias nao dariam certo. A Samus deve continuar sua caminhada solitaria pelos mundos. A historia do jogo poderia ser contada atraves de documentos encontrados e cutscenes, onde samus narra acontecimentos, assim como ela narra no comeco do Super Metroid.
    Na minha opiniao as principais questoes sobre o proximo jogo, sao questoes sobre jogabilidade, 1ª ou 3ª pessoa? Eu prefiro em 3ª, para q, assim como vc disse, possamos ver a agilidade da samus. Mas e reamente uma questao dificil, dado o sucesso de Prime.

    Tudo q os fas de Metroid querem e um Metroid, com ambientes obscuros q dao agonia pelo silencio e sensação de estar sozinho em um mundo completamente hostil.

    Ass: Fã de Metroid

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    1. Não se pode fazer uma série crescer apelando apenas para os fãs que já existem, essa é a forma mais fácil de acabar com ela, pois nada é mais perigoso que ficar parado. Você precisa expandi-la, "mais um Metroid" não irá animar as pessoas

      O que incomoda as pessoas em Metroid: Other M não é o aprofundamento de Samus nem os coadjuvantes em volta dela, é o papel que eles assumem, que vão de encontro com o que foi estabelecido pela série.

      Samus era pra ser forte, mas é mostrada como frágil e cheia de bobeiras como sentimentos maternos pelo Metroid de Super Metroid. Ela doou o Metroid para fazerem experiências com ele, depois querem enfiar que la tinha sentimentos maternos por ele?

      Os coadjuvantes estão lá para parecerem mais competentes que Samus, mandando nela para mostrar que ela é submissa, salvando-a para mostrar que ela é frágil, etc. Isso não acontece em Metroid Prime 3, todos gostavam dos coadjuvantes naquele jogo.

      Samus continuar solitária é o problema que mencionei, é tempo demais sem personalidade, sem mudar, sem lidar com seus problemas internos. Está começando a prejudicá-la.

      Até mesmo o melhor filme de faroeste começa quando o pistoleiro solitário, que normalmente perdeu esposa e filhos, se conecta com alguém inesperado e luta por algo, seja uma moça da cidade, um menino esperançoso ou qualquer coisa do gênero.

      A ideia do zoológico é para dar um meta game para o jogador completar. Em outras ocasiões Samus já se mostrou extremamente amigável com animais, é um lado que bate com a parte traumatizada dela e com a criação Chozo.

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