segunda-feira, 5 de setembro de 2011
Morre a ultima esperança
Se havia alguma série que não tinha se entregado ao ciclo da decadência era a série de RPG japonês Dragon Quest. No Super Nintendo enquanto todos clamavam por gráficos 2D impecáveis, Dragon Quest IV e V tinham personagens pixelados um pouco acima do Nes. Mas o jogo compensava com uma trilha sonora sublime, mundos fantásticos, batalhas épicas e muito desafio. O mesmo ocorreu no Play Station 1. Com a Square "monopolizando" o mercado de computação gráfica,a Enix com Dragon Quest VII chegou com gráficos modestos e desbancou Final Fantasy IX. A série só foi ganhar um visual caprichado com o oitavo jogo da série graças a fusão da Square e a Enix. Quando finalmente todos achavam que a série perderia a mão, foi onde nos surpreendemos novamente e nem mesmo os recursos visuais avançados tiraram a simplicidade da série. A mecânica do jogo permaneceu inalterada. Enquanto os críticos de longa da da série xingavam, os fãs ovacionavam a atitude ousada da Square-Enix. O nono foi um passo ainda mais ousado: o primeiro para um portátil. Mais reboliços por parte dos críticos de plantão e foram calados mais uma vez. Dragon Quest provava de uma vez por todas que uma boa mecânica e um excelente conteúdo era suficiente para agradar o publico.
Só que algo mudou...e pra pior. Essa semana foi anunciado Dragon Quest X para o Wii e não foi nada como nós esperávamos. Existe uma mania besta na industria de jogos de que jogos com mecânicas repetidas enjoam e os jogadores tendem a buscar coisas novas. Eles só acertaram a segunda parte. O publico realmente quer novas coisas, mas elas não são mecânicas novas e sim conteúdo novo. Querem novas terras paras explorar, novos monstros pra derrotar, novas armas e itens para coletar. Mudar a mecânica de um jogo significa ter que aprender tudo novamente. Algumas mudanças estratégicas são bem vindas, como em Super Mario Bros 3 onde mudaram a física do pulo de Mario para que os jogadores se adaptarem novamente a dificuldade do jogo. Mas em um RPG não há necessidade de mudanças drásticas.
Dragon Quets X chega com uma missão ousada como os dois antecessores, mas nessa vez da pior forma possível. Transformaram Dragon Quest em MMO, ou seja, um RPG massivo online. Uma clara tentativa de cobrar mensalidade dos japoneses viciados na série e a Square lucrar horrores. Eles não estão errados nisso, é perfeitamente compreensivel e a idéia é boa. O problema é mudar o foco da série principal. Dragon Quest era uma série que mantinha os elementos da velha escola e agora tudo foi pro ralo. Expandir o publico é importante, mas manter o antigo é tão quanto. Se fosse um spin off ninguém estaria reclamando, mas matar a aventura principal para mudar o modelo de negócios é dar um tiro no pé.
Ainda acredito que a aventura principal single player possa ser tão divertida quanto os anteriores mas acho difícil. Da pra notar pelos vídeos que o sistema de batalha foi desenvolvido todo no foco online e não há mais como controlar NPCs nas batalhas. Os cenários estão gigantescos porém vazios, típico de MMOs.
Uma pena que a ultima chama esteja prestes a se apagar.
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