domingo, 17 de abril de 2011

Explicando Call of Duty e outros FPS


Recentemente eu vi uma declaração sobre Battlefield 3, a qual me fez ter vontade de explicar jogos como Call of Duty: Modern Warfare 2, o próprio Battlefield 3 e por que não, a série Halo. Na verdade, ela explica muitos dos FPS de sucesso.

Algumas pessoas olham para jogos como Call of Duty: Modern Warfare 2, que é um fenômeno de vendas com imensa aceitação do público, e pensam que ele simboliza de alguma forma uma vitória dos consoles "hardcore" como Xbox 360 e PlayStation 3 sobre o "casual" Nintendo Wii, como se dissessem: "Não precisa ser Mario pra vender 20 milhões".

Mas eles não poderiam estar mais errados, pois o motivo pelo qual jogos como Call of Duty, Battlefield, Halo e Mario fazem sucesso, é o mesmo.

Abaixo a declaração que me inspirou, direto do TechTudo:
Naturalmente nós queremos apresentar mais pessoas à nossa franquia. Muitas pessoas não querem pular direto no multiplayer. Elas querem sentir um pouco em volta [antes] de estarem prontos para irem online.

Os jogadores hardcore online, eles não ligam, eles vão direto. Talvez eles nem toquem na campanha. Mas nós queremos trazer mais pessoas, convidar mais pessoas para a franquia. Essa é uma das razões principais pelas quais nós temos essa parte diferente do jogo.

- Karl Troedsson -
Desenvolvedor da DICE (Battlefield 3)
Veja que coisa interessante. Ele acredita que os jogadores hardcore vão direto para o online e os jogadores casuais jogam a campanha para se sentirem mais confortáveis com o jogo.

É mais um daqueles casos onde quando alguém da indústria diz "casual", quer dizer "idiota". No caso, a campanha para um jogador, offline, seria como as rodinhas da bicicleta.

Essa é sua resposta final Sr. Troedsson? PÉÉÉÉÉ!!! Resposta errada!

Bom, ele tinha 50% de chance de acertar, só precisava ter prestado mais atenção. É exatamente o contrário! Jogadores "hardcore" jogam as campanhas offline e jogadores "casuais" pulam direto pro online!

Jogadores "hardcore" encaram jogos como tarefas: "Já estou com 5 horas e ainda tenho mais 3 jogos pra terminar", então a última coisa que eles querem é um jogo que tome todo o tempo deles, causando um atraso em sua agenda de zeramentos. A menos que uma faísca de jogador de verdade apareça neles, vão buscar terminar o jogo e partir para o próximo.

O dito jogador "casual" não. Todos sabemos que ele não tem paciência pra todas as baboseiras de histórias, missões sem criatividade e repetição dos jogos de hoje em dia. No entanto, há algo que ele vê no modo multiplayer online que o agrada, e essa é a real razão de jogos como Call of Duty, Halo e Battlefield venderem muitos milhões.

Mas não, o motivo em comum entre essas série e Mario que gera o sucesso não é o multiplayer. São os valores arcade. No multiplayer os criadores de jogos não conseguem estragar as coisas como eles fazem no modo para um jogador.

Um modo multiplayer não tem história, não tem objetivos forçados, não é linear. Enquanto isso oferece um único objetivo a ser atingido através de simples regras. É como um esporte, comparável a um jogo de futebol ou xadrez.

Só é possível estragar um multiplayer estragando as regras, todas as outras coisas com as quais criadores de jogos normalment estragam um título, não estão presentes no multiplayer.

O mais interessante sobre esse fenômeno é que existem pessoas, por exemplo, que odeiam Halo, enquanto há um outro grupo que adora Halo. E isso é interessante porque ambas estão certas.

Porque casuais não tendem a perder muito tempo elaborando sua opinião. Eles não dizem: "Adoro o multiplayer de Halo", eles dizem: "Adoro Halo". Mas para um jogador comum, quando ele ouve isso, ele experimenta Halo, na campanha offline. Então ele chega à seguinte conclusão: "Halo é uma porcaria que só vende por causa do marketing".

Sem nunca perceberem que os dois estão muito próximos, que nenhum deles gosta da parte offline chata dos FPS e no fundo gostam dos valores arcades nos jogos.

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