segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

O que mudou do Cartucho pro CD?

Uma coisa que você aprende sobre criação de jogos é que uma pequena (grande) decisão no início do desenvolvimento costuma ter consequências enormes na forma como o jogo é criado. Como por exemplo, se você decide fazer o jogo pra si mesmo ou pros outros, o resultado já mudaria drasticamente.

Eu acredito em cada micro-decisão alterando tudo de maneira quase quântica e que cada jogo é produto de várias influências muitas vezes invisíveis e imperceptíveis. Isso é, até que você comece a procurar por elas.

Se procurarmos onde realmente a indústria desandou, podemos achar um ponto especifico onde jogar parou de ser tão importante, substituindo-se pelo assistir. Onde o conteúdo do jogo começou a ficar em segundo plano para que o criador do mesmo pudesse contar uma história.

Na época tudo era novidade e muita gente gostou dos jogos com história, mas a evolução desses jogos nos trouxe um grande tédio. Onde estavam os jogos que podíamos jogar e rejogar infinitamente sem perder a graça? De repente tudo que fazíamos era pegar um jogo, terminar sua história e encostá-lo para o resto da vida.

Agora veja que coincidência, quando esse movimento começou? Na época em que trocamos os cartuchos pelos CDs.



O habitat natural do cartucho é espalhado em pequenas pilhas em volta do videogame, pronto para ser trocado rapidamente quando cansamos de jogar um mesmo jogo. Jogávamos dez minutos de Alex Kidd, quinze de California Games e mais vinte de Wonder Boy.

Nenhum jogo era "terminado", simplesmente tínhamos pequenas sessões de jogo incrivelmente prazerosas que nos satisfaziam. Saíamos dali completamente felizes. Em segundos pulávamos de jogo em jogo, com a maior facilidade, surgindo logo de cara uma tela Press Start e começando a jogar.

Já os CDs, qual seria o habitat natural deles? A estante. É onde você guarda seus filmes, por exemplo. Você quer assistir algo? Você o tira dali, o coloca no aparelho e senta por quase duas horas assistindo.

Foi isso que aconteceu com os jogos em mídia ótica. Não podemos rapidamente trocar de um jogo pro outro, há telas de Loading, há longas sequências de abertura, cinco telas diferentes de logos de empresas com as quais não nos importamos.

E o fator mais determinante que altera a forma de se fazer jogos, ficamos com um único jogo por um longo período de tempo até terminá-lo e então encostar na estante. Filmes são assim, você não assiste pequenos trechos de vários filmes. Livros são assim, você não lê vários livros ao mesmo tempo. Jogos não são assim.

É um dos motivos pelo qual muitos portáteis despertam mais interesse que alguns consoles, o motivo pelo qual o PlayStation Portátil não decolou e um dos motivos para jogos em celulares venderem tanto. Às vezes você só quer matar quinze minutos, você não quer entrar em uma aventura épica de duas horas.

Um dos motivos pelo qual a MP3 causou uma ruptura ao mercado de CDs é que ninguém gostava de ficar pegando CDs só para ouvir uma música. Com a MP3 tínhamos uma lista de nossas músicas preferidas ao alcance de um clique. Podíamos fazer uma grande lista e simplesmente ligar a escolha aleatória. Por que você ouviria um CD?

Os jogos perderam valor pois enquanto podiam ser jogados vários vezes em cartuchos, normalmente só eram "jogassistidos" uma vez em CD. Os jogos perderam então grande parte do seu valor e a pirataria devorou vorazmente o mercado.

A falta de valor pelo que se paga é um dos grandes fatores da pirataria. O PlayStation não foi o primeiro videogame com CDs, mas foi sem dúvida o pirateado em maior escala. Quando o produto realmente oferece um valor excepcional, elas compram.

Já os jogos em mídia ótica fizeram o contrário. Trouxeram pra nós os filmes em forma de jogo, nos quais sentamos e assistimos os personagens fazerem tudo e nós somos meros marionetes dos desenvolvedores para contar suas histórias.

Eles presumem que, como filmes, sentaremos lá por duas horas assistindo tudo que eles jogarem em cima de nós. Sendo que os jogos-filme na verdade ocupam de oito a dez horas da nossa vida, quando poderíamos ter um prazer muito maior vendo um filme de verdade.

Antes dos CDs eles não conseguiam fazer isso, porque os cartuchos eram limitados. Os cartuchos eram pequenas Caixas de Pandora contendo todos os males dos egos dos desenvolvedores.

a Sony abriu essa caixa quando deu a eles os CDs. De repente um grande diferencial dos jogos era ter cenas em computação gráfica para serem assistidas. Por que você está assistindo um jogo e não jogando?

Ninguém sabia responder. O resto... é história.

17 comentários:

  1. Concordo em parte com seu comentário, mas a parte de que foi o cd que troxe as historias longas e Bá é tudo mentira , o quer dizer dos FF pra SNES ou msm o dragon quest. Olha uma coisa eu demorei muito tempo jogando esses jogos que continham historias e etc.
    o fato que a mudança do cartucho pro cd foi mas uma coisa de espaço de dados do que qualquer outra coisa.
    Uma mudança de hardware pra testar até onde os gráficos podiam nos levar e a tendência do mercado, é claro que isso trouxe maior imersão é começou a se assemelhar mais aos filmes , mas isso é uma tendência de certas produtores. Esse ano msm tivemos vários jogos com tendência retro como metroid , DK , epic Mickey, megamen etc

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  2. Gostei muito da sua colocação. Parabéns

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  3. Concordo.

    Eu sou um jogador muito antigo do tempo do Dactar e realmente o momento em que perdi o interesse em jogos foi a troca pro CD.

    É interessante que eu tenha um Play 2, mas o que mais jogo são os emuladores pros video-games passados.

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  4. pffff nao sabe brincar nao desce pro play, vai jogar trilha com seu avo
    O PS2 é o console mais vendido da história e resposável pelo videogame deixar de ser um passatempo apenas de crianças para ser considerado um um agente cultural formador de opinioes...

    Baboseira extrema.
    Vai ouvir vinil, ou melhor... vai caçar seu alimento seu pré-historico

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  5. Parabéns pelo texto...pura verdade a parte de trocar de jogo rapidinho, fazendo "sessões". Eu nunca deixava um jogo do Mega Drive de lado, mas do Playstation é muito fácil deixá-lo esquecido, pois ele já deu tudo o que tinha...

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  6. Aff kra q briza kkkk... parece evangelico falando merda kkk

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  7. Ótimo texto, porém discordo;
    Como disseram acima, Final Fantasy e outros jogos de RPG possuiam uma estória e longas cenas com textos desde a época do Snes. A mídia CD deu mais espaço aos dado e uma maturização do games (que antigamente era considerado algo infantil). Hoje em dia esse público da geração 16 bit assim como eu, procura um jogo com conceito, estória, ambientação; pois não sou mais aquele garoto "hiperativo" que queria esmagar botões e jogar pelo desafio. Não que eu esteja menosprezando tais jogos, são ótimos e existiram muitos deles no PS2, mas como você disse, você joga para se divertir e passar o tempo (sua emoções não mudam com tal jogo).
    Conheço poucas pessoas que hoje dia jogam pelo um jogo pela sua jogabilidade e desafio, (na verdade acho que só meu primo; ele fica pulando todas as cutscenes).
    Finalizando, existem muito jogos hoje em dia que possuem apenas jogabilidade, e outros que possuem estória; basta ver qual se você gosta mais.

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  8. Não concordo com quase nada do post...
    Tudo dependo de jogo pra jogo...
    DK country retorno e spartakers...
    Mas uma coisa é certa!!!
    Jogo video game desde 1986 e posso dizer q a época de ouro foi a do Snes. Hoje se fala que o PS2 é o melhor consoles de todos os tempos, por ter ultrapassado a marca do Snes...
    Mas a verdade é que Hoje o publico consumidor é bem maior q no passado...
    Seria o mesmo q falar q o Schumaker é melhor que Ayrton Senna...
    Muita gente falava q o alemão é melhor q o Senna por ter mais titulos, mas a verdade é q o senna sempre foi um campeão em qualquer equipe!!! Enquanto o Schumaker so venceu quando estava na Ferrari...
    Tenho pena é do anonimo do PS2, q não viveu essa epoca...
    Aff!!!
    Falei demais...

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  9. Não acho que a culpa é do CD. O CD é apenas uma mídia capaz de armazenar mais dados que o cartucho, só isso. Outro ponto é a forma como você encara os jogos. Pelo o que eu notei, você vê jogos de video game apenas como um passatempo rápido. Isso não é errado, é apenas uma preferência sua. Eu, por outro lado, sou viciado em jogos com uma bela história. Cada um deve procurar aquilo que lhe agrade mais...

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  10. Bobagem. Mesma coisa que meu bisavô falar que bom mesmo era jogar bocha. Evolução meu caro. Mas sabe o que é mais legal na evolução, se eu quiser jogar bocha com meu bisavô (sim, ele está vivo ainda), vou lá no campinho e jogamos. Se eu quiser ficar 20 minutos pulando barris e salvando a mocinha eu fico jogando o Donkey Kong no emulador. E se eu quiser jogar por dias a mais fantástica experiência gamística eu jogo Shadow of the Colossus. E espero poder continuar fazendo tudo isso enquanto criam coisas mais revolucionárias ainda.

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  11. Eu concordo com o autor.

    Meu Nintendo wii ficou mofando em casa, pois eu acabo jogando mesmo os games da geração 8 e 16 bits.

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  12. Ae Anonimo do Wii, se é otário mano, como que vc não joga Super Mario Galaxy 1 e 2????

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  13. eu gostei do texto. Ele mostra uma nostalgia interessante, e atenta para duas formas de se criar um jogo: Pra você e para os outros.
    Mas eu considero que me divirto muito mais hoje. Baixe um emulador na internet e jogue algum joguinho da sua infância... Você joga uns vinte minutos e deleta o arquivo. A tecnologia é um caminho sem volta. Quem prova do novo dificilmente volta pro antigo.

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  14. ah, e tambem tinha o lance de varios games saírem em versoes para jogar com 2 jogadores.. antes, no snes, eu podia jogar com meu pai ou minha irma.. os mais novos, só da pra jogar sozinho.. tirando o Wii, q por ser da nintendo, tende a ser um video game com games mais 'retrô', jogos mais divertidos do que com graficos realistas.

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  15. Argumentos Falhos; era melhor quando eram mais simples? que os jogos eram resumids a correr numa pista aleatória ultrapassando 300 carrinhos num jogo sem fim?

    não foi o "CD" quedeixaram os jogos sem graça, mas só seu nostalgismo; na época do snes, eu me lembro de ter um pessoal que falava que no nintendinho era bem melhor, que os jogos eram mais desafiadores, e que não eram só gráficos.

    jogo "assistido"? o nintendinho teve vários rpgs. alias final fantasy nasceu nele, e eram horas de textos, aliás, foi no nintendinho que foi incorporado essa ideia de jogo com história, com cenas animadas ou estática; o último video game que tinha apenas jogos casuais, bobinhos e simples, foi o atari, quando lançaram o nintendinho 8 bits, já tinha jogos como super máqrio bros (em que se ficava 4 horas ou mais para jogar até o fim) final fantasy e dragon quest (rpgs que levavam mais de 50 horas para terminar)

    no Snes já tinha a ideia de gráficos realistas, com jogos como pit fighter e mortal kombat, com imagens capturadas de atores reais, e jogos com animação, como o excelente flashback, revolucionário na época por conter cenas animadas.

    a ideia de se jogar partidas rápidas veio justamente na era do CD em diante, usamos o memory card, assim podemos jogar uns 10 a 15 minutos, salvar o progresso facilmente, paradepois continuar de onde paramos, o que não acontecia com a maioria dos cartuchos; jogar 15 minutos de sonic 2 por dia teria que graça? jogar apenas a fase green hill zone eternamente? tinha que ir até o final, largar o video game ligado para ir almoçar, ou ir tomar banho, ou ir na padaria, era assim que funcionava.

    aliás, você ainda está na era do CD? agora é Blu-ray, jogos armazenados em hd do video game, jogos, e extensões de jogos baixados pela internet em lojas onlines, jogos guardados em cartões de memória de até 16 gigas.

    e Osama, nem video game portátil fica nessa de jogar apenas sozinho, estamos na era dos jogos multiplayer, os unicos jogos de console de mesa para se jogar sozinho são os de RPG; já que depedem de "fidelidade do jogador) já luta, ação, aventura, entre outros permitem a jogatina em grupo,ou pelo menos revezando o controle entre as fases.

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  16. Acho que esse foi um dos posts mais inteligentes que já lí, realmente dá saudade daquela época em que jogávamos final fight e outros jogos, tenho um play 2 e comprei um jogo do sonic e, pra minha surpresa é exatamente da forma que voce citou, mais filme do que jogo, mas há alguns jogos legais hoje em dia também, street fighter por exemplo tem sobrevido, podemos jogar com nosso amigos sem precisarmos ficar 13 horas pra fechar ( caso de resident evil por exemplo)
    Vamos ver se com o kinect as coisas melhoram.

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  17. Quem discorda do q foi dito aqui, provavelmente não vivenciou a era dourada dos 8/16 bits!!!

    Eu tive a sorte de ter sido criança no auge da era 16 bits!! Apesar de dar umas voltas com o ouriço azul de vez em quando, eu era do lado cinza da força!!!

    Não sei explicar o porquê, mas a limitação de hardware daquela época parecem q tornavam os jogos + divertidos!!!

    Porque ao jogar GT5 no PS3 não sinto nada e ao jogar Top Gear no SNES sinto uma variedade de sensações q nem consigo explicar?

    Aliás, nem preciso jogar!!!! Só de ouvir aquela música da primeira pista, jah fico aqui "viajando" naquela época onde tudo era + simples!!!

    Sim, ainda é divertido jogar VG... Mas antigamente era +!!!!

    Tenho pena da geração PS2!!!!

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